Além de psicóloga, também sou professora de inglês. Sempre fui do time only English dentro da sala de aula para possibilitar um ambiente (às vezes, o único daquela pessoa na semana) de real contato com o idioma. Se, na aula de inglês, o objetivo é aprender inglês, penso que nos diversos contextos da vida, temos que mergulhar na situação para compreender o que está acontecendo sobre a tal. É uma questão de empatia.
Ao aprendermos inglês, estamos lidando com uma cultura diferente, um jeito de pensar diferente. O que o idioma tem a ver com a cultura? É só tentar traduzir Pode tirar seu cavalinho da chuva ou Raios e trovões! para o inglês e perceber que um falante nativo não entenderá o que você quer dizer. As expressões são um bom exemplo de que precisamos entender como o outro pensa para podermos conversar e realmente trocar experiências com ele. Senão vira aquela aula de inglês chata repetindo interminavelmente ou aquela conversa de política em que ninguém ouve ninguém.
Me lembro, ao fazer um intercâmbio para a Austrália, quando tive pela primeira um sonho em inglês. Acordei extasiada! Que delícia é ver o que se está acostumada desde pequena de outra maneira, que experiência rica! A imersão possibilita um encontro maior com o outro, consigo mesmo, com o idioma (lembra deste encontro?). Fazer essa imersão sem “poréns” ou filtros é essencial para quem quer aprender um novo idioma ou entender o grego (política, aborto e outras polêmicas) que o outro diz.
E foi pensando em tudo isso que finalmente descobri porque é apaixonante dar aulas! Porque você também aprende – seja de como ensinar, seja de experiências de um universo completamente diferente do seu. É um exercício constante de empatia, paciência, de enxergar o outro como um ser tão digno quanto você. Um exercício que deveríamos praticar enquanto seres humanos empáticos, espontâneos (e mais espontâneos), criativos e deliciosamente diversos.
Queridos, essa foi minha última coluna aqui no Da Pimenta. Coloquei o link de todos os textos que já escrevi aqui, em uma mistura de retrospectiva, aprendizado e fechamento. (Faltou só mencionar as análises de duas metragens: Fale com ela e Eu, tu e ela).
Foi um prazer escrever estes 6 meses. Desde o primeiro texto foi uma jornada de autoconhecimento, de organização e compartilhamento de ideias. Gratidão pela oportunidade de poder trazer um pouco dos meus valores, das ideias do Psicodrama e do Grupo 3 de Nós!
Até breve! E fico à disposição para conversar e discutir ideias, sempre 🙂
Créditos da imagem para o aquarelista e amigo meu Cadu Loureiro. Agradeço também a todos que me ajudaram nas revisões e ideias para os textos!
