Satisfação: como se sentir completo em um mundo que nunca está satisfeito com você?

Tenho um coelho chamado Ditto. Ele tem o cantinho dele no apartamento, delimitado por uma cerca. O espaço é dividido com uma tartaruga de gesso. À tarde, mesmo com a cerca aberta, ele prefere ficar dentro de seu espaço, cochilando profundamente. Se tiver um pouquinho de banana no potinho verde então, Ditto fica nas nuvens!

Se esparrama pelo chão depois de se deliciar com a fruta e respira tranquilamente, com um olhar de tranquilidade. Será essa a tal sensação de satisfação que experimentamos de vez em quando? Afinal, de quanto precisamos para nos sentirmos completos?

Essa sensação de completude é cada vez mais difícil de ser alcançada. Muito stress e muita solidão, pressionados a ser isso ou aquilo, a se encaixar, mesmo que não caiba. Como é que dá para se sentir completo em um mundo que nunca está satisfeito com você?

Vamos pensar assim: se o Ditto olhasse só para aquela cerca de metal alta e feia, percebesse que não come tanta banana quanto gostaria e que poderia estar em um campo cheio de cenouras, dentes-de-leão e feno, será que ele se sentiria satisfeito? Duvido. Até porque, mesmo com um farto campo para correr e bananas para dar e vender, Ditto iria ficar com medo pois não teria onde se esconder quando se sentisse ameaçado. E iria passar mal com tantos gases (sim, banana e cenoura só pode dar um pouquinho para coelho!). Em outras palavras: nunca vai ser perfeito. O sentimento de satisfação não deve ser confundido com um nirvana ou com quando abrimos aquelas janelas antigas que, depois que você trava, dá o maior trabalho para conseguir voltar a fechá-las.

Carregar-se de coisas prazerosas é uma delícia e importante em diversos momentos! Mas, quando se quer crescer, engrandecer, a dor também se faz presente. E tudo bem. A satisfação está nos momentos em que nós nos percebemos como somos e como estamos. Saber quando se está triste e legitimar essa tristeza, respeitar seu momento, é o mesmo que comer um pote de brigadeiro quando a vontade de açúcar está no limite – pode doer, pode dar dor de barriga (ainda mais quando se é intolerante à lactose!), mas foi porque você respeitou a sua vontade. E esse é o segredo da satisfação: atender ao seu pedido interno. Mas atenção: se a tristeza é frequente em um longo período de tempo ou a vontade de comer brigadeiro é diária, talvez você não esteja conseguindo enxergar o que realmente você precisa. Se dê um tempo para se conhecer melhor. Vá com calma!

Quando o pedaço de banana acaba, Ditto fica olhando para mim com olhar de “quero mais”. Daí pego ele, beijo bastante, faço carinho e logo está ele lá, bem relaxado e com olhar de satisfação.

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