Filhos: a correria nossa de cada dia

Criança em casa é tudo de bom, mas vamos ser sinceras: piscou, acabou o dia e você não fez nada do que pretendia realmente fazer

Vida louca, correria, um compromisso atrás do outro. Normal, né gente? Agora imagina  a vida depois de ter filho. Vamos combinar que o que era corrido agora é uma maratona. Uma maratona acompanhada de muito amor e fofura, é verdade, mas mesmo assim continua a sensação de que o tempo passou e você nem viu.

Aproveitar cada minuto

Você chega do trabalho no fim da tarde, recebe a cria que passou ou dia na creche e um pouco depois ela dorme. Você pensa: “Eba!! Vou fazer um mooonte de coisas!!”. Vai sonhando. Quer ver como todo o tempo do mundo ainda é pouco?

Imagine que primeiro você garante a frutinha do pequeno, pra quando ele acordar já estar pronta. Bora lavar, picar, deixar no pratinho, tudo encaminhado. Nem pense em lavar a loucinha que ficou na pia, isso não é uma prioridade agora.

Depois, silenciosamente, dá aquele tapa na sala, recolhe os brinquedos do chão, arruma as almofadas no sofá, organiza os sapatos que estão junto à porta, tenta pôr ordem na bagunça que está sobre a mesa (medicamentos pra ministrar, livros, contas e uma infinidade de coisas), dá aquela varridinha bem básica. Ok, já parece mais habitável.

Segue para o quarto. Separa a roupa que o pequeno vai vestir à noite, depois do banho, e deixa a fralda já à mão; vê o cesto de roupa suja da cria e percebe que está transbordando. É urgente lavar a roupa dele, ou acabará sem ter roupa limpa pra vestir. Você separa as peças claras das escuras, vê qual está em maior quantidade e leva pra área de serviço. Diz o rótulo do sabão líquido pra roupas de bebê que, primeiro, é preciso encher a máquina de água e misturar o sabão. Só então as roupas devem ser colocadas. Ok, assim será. Você espera encher, faz tudo conforme as instruções. Liga a máquina.

Pega o celular, vê a previsão do tempo, volta para o quarto e escolhe as roupinhas que vão na mochila que o pequeno levará para a creche no dia seguinte, porque, né, não dá pra arriscar. Reabastece as fraldas, vê na agenda dele se tem algum aviso das professoras e responde. Aproveita e escreve um recado pra avisar que ele precisa tomar certo remédio de tantas em tantas horas, tira uma cópia da receita na impressora (a coordenação da creche só ministra medicamentos com prescrição médica) e guarda a agenda de volta na mochila.

Nesse meio-tempo, seus gatos não param de miar pedindo ração. Toca abastecer os comedouros, ver se tem água e tal. Depois recolher o lixo dos banheiros, de fraldas e da cozinha e pôr tudo pra fora. Por fim, escrever um recado para a faxineira, que vira no dia seguinte e com quem você não encontra nem pela manhã nem à tarde.

Nossa, agora acho que você já pode sentar no sofá, dar uma respiradinha e cortar suas unhas, que já estão quase dobrando de tão compridas. Quando você está no sexto dedo, ouve o pequeno começar a chorar. Corre pra cortar e lixar a unha dos últimos dedos, pra não ficar aquela bizarrice de parte das unhas estar curta e parte estar comprida. Pronto! Pega a cria no colo, acalma, espera acordar de verdade. Hora da fruta. E o tempo se foi.

Maratona com obstáculos

Com a cria acordada o esquema é bem outro. Uma simples tarefa, como pôr roupas pra lavar na máquina, precisa ser engenhosamente programada em etapas  — pelo menos aqui em casa, onde não consigo evitar que o pequeno passe da cozinha para a área de serviço. Por exemplo:

  • Etapa 1: sento no chão da sala com ele e começamos a brincar com blocos de encaixar. Ele fica entretido e eu levo o cesto de roupa suja até a área de serviço.
  • Etapa 2: corro até a sala e dou aquela espiada básica pra ver se o guri não conseguiu alcançar nada aparentemente inalcançável de cima da mesa e pôs na boca. Tudo em paz, oba! Volto e começo a pôr as roupas dentro da máquina.
  • Etapa 3: ouço a cria chorando e lá vou eu ver o que houve. Só um chorinho à toa, tudo bem? Volto pra área de serviço e termino de pôr as roupas na máquina.
  • Etapa 4: pequeno se desbanca da sala na surdina e quando vejo já está lá à minha volta. Quer enfiar a mão no comedouro de ração dos gatos. Dou aquele peixinho do vôlei pra evitar, sabe qual é? E enquanto ele se distrai por um momento, corro pra abastecer o dispenser de sabão em pó e amaciante.
  • Etapa 5: ligo a máquina, respiro aliviada (missão cumprida! Uhu!!) e já penso nas estratégias pra retirar do varal as roupas secas antes que a máquina termine o ciclo de lavagem. Se bem que, na maioria das vezes, não consigo estender as roupas lavadas tão cedo. Nesse esquema doido, em geral só consigo fazer isso tarde da noite, quando o marido está em casa e o pequeno já está dormindo. Ufa… Haja pique.

Pois é, era só pôr as roupas na máquina. Coisinha simples, né não? Nem sempre… rs

Agora só amanhã

E quando você se deu conta, por exemplo, não passou nem perto do computador, que você queria ligar pra preparar os pedidos de reembolso para o convênio, atualizar sua planilha financeira, responder alguns e-mails com o conforto de um teclado de verdade e tal. Você cortou suas unhas. Ou quase isso. E já foi um sonho, porque no dia anterior seu filho nem dormiu ao chegar da creche, o que significa que, se ele for tão ativo quanto o meu, você não conseguiu fazer nem isso, só ficar atrás dele mesmo.

Compromisso fora

Se você precisar ver um médico, por exemplo, danou-se: vai ter que conciliar sua agenda com a da creche, a do marido e, por fim, com a do médico, já que seria difícil ele conseguir examiná-la enquanto a criança vai de um lado para o outro mexendo em absolutamente tudo.

O jeito é arquitetar um plano mirabolante e com o aval de todos.

Sim, com filhos pequenos você não pode marcar uma consulta com um médico ou um dentista sem antes falar com o marido. Ele dá um jeito de acompanhar vocês à consulta e ficar com o pequeno enquanto você está com o médico? Ou volta mais cedo do trabalho pra ficar com a cria enquanto você sai? Ou que outra estratégia pode ser usada? Isso pensando numa consulta médica ou odontológica. Manicure, ah, só em casos extremos, afinal, é “supérfluo” (diz minha autoestima que não, mas tudo bem).

E quando penso nas mães solo e naquelas que têm mais de um filho, só consigo sentir muita admiração. Céus, isso é para os fortes, e acho que eu não tô nesse time! rs

Se identificou de alguma forma? Então me conta aí nos comentários como é com você. Vou adorar saber!

 

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