Tornar-se mãe é descobrir-se outra

Tornar-se mãe

A maternidade me mudou estruturalmente. Será que foi assim também com você?

Eu poderia dizer que nada mudou depois de me tornar mãe, que sou a mesma mulher de antes, mas isso seria uma tremenda mentira. A vida se transformou — a rotina, as prioridades, tudo. Mas mudou principalmente a minha maneira de olhar as coisas, o meu olhar.

Cada experiência é única, e não tenho dúvida de que cada mulher sente a maternidade de um jeito só seu. Pra mim foi isso, o olhar, a sensibilização a tudo que se refere à maternidade. Desde a gestação até a criança, aquele serzinho cheio de vontades.

O fato é que nunca tive muita afinidade com crianças. Eu era aquela pessoa que chegava perto do bebê dos outros e ele começava a chorar, o que explica em parte a pouca atração que os bebês exerciam sobre mim (quem se identifica? rs). Não que necessariamente isso tenha mudado, não sei. Mas, hoje, sempre que vejo uma gestante, imagino um mundo novo se abrindo na vida dela, as preocupações, os preparativos, a ansiedade. Sempre que vejo uma mãe com um recém-nascido no colo, penso nas alegrias e nas dificuldades que ela está enfrentando. Sempre que vejo um bebê ou uma criança ainda pequetita, meu coração vibra diferente.
Ao circular pelo metrô de São Paulo, sempre vejo mães com bebês. Não consigo deixar de sorrir. É um sorriso pela fofura do bebê, sem dúvida, mas também um sorriso de cumplicidade para com a mãe. É como se eu dissesse a ela: “Lindo o seu bebê. Espero que você esteja bem amparada neste momento, e que possa vivê-lo da melhor forma possível”.

Questão de escolha

Não acredito na maternidade como o grande e indispensável acontecimento da vida de uma mulher. E acho importante tirar dos ombros dela essa quase obrigação que a sociedade a todo instante tenta impor a nós, mulheres.

Tenho vários amigos que não pretendem ter filhos — e eu mesma por muito tempo não fiz questão. Num dado momento, surgiu esse desejo, mas poderia não ter surgido. E tenho certeza de que minha vida não seria menos relevante por causa disso. É tudo uma questão de escolha.

Tendo feito a minha, vi meu corpo se transformar e meu pequeno nascer. Depois disso foram tantas experiências… Algumas boas, outras nem tanto. Mas aprendi a amar minha cria com um amor que eu desconhecia em mim. Enfrentamos os perrengues do período inicial e, olhando pra trás, dá uma sensação gostosa, com gostinho de vitória, e a impressão de que esse vínculo fica cada dia mais forte.

Pequenas alegrias

Entendi aos poucos que a maternidade havia me transformado. Que eu não via mais as coisas sob o mesmo ângulo. E que pequenos acontecimentos do dia a dia poderiam significar muito mais do que pareciam significar.
Quer um exemplo? Por alguns meses, utilizamos os serviços de um perueiro para trazer nosso pequeno da creche para casa. E me lembro que todas as tardes, ao ver a perua apontar na rua de casa, involuntariamente eu abria um largo sorriso. Era algo sobre o qual eu não tinha o menor controle. Era esse olhar novo sobre as coisas, as pessoas e as relações.

E assim tem sido, com muito amor. Sim, tudo mudou.

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