Castração química feminina

Não, você não leu errado. Vim falar de algo que, de certa forma, tem o efeito de uma castração química na mulher:

A PÍLULA ANTICONCEPCIONAL.

Lá em casa, este é o nome que eu dou pra pílula: castração química. Portanto, é baseada na observação do meu corpo. Mas, já ouvi relatos de médicos e mulheres confirmando o mesmo efeito destes hormônios.

Sabe-se que as pílulas apresentam diversos efeitos colaterais, entre eles a redução da libido. Isto não é novidade. O problema é que isto não é esclarecido de forma adequada e a mulher segue achando que seu pouco interesse em sexo é natural. Foi o meu caso.

Sempre fui muito responsável e, por isso, aos 19 anos procurei o ginecologista para começar a tomar a pílula anticoncepcional antes de ter minha primeira transa.  Assim, evitei uma gravidez não planejada e isso foi muito bom. É o que eu deveria ter feito e não me arrependo.

Segui usando a pílula desde então, sempre que estava sexualmente ativa. Ou seja, sempre transei sob efeito dos hormônios sintéticos. Mas ninguém nunca me contou como isso iria interferir na minha vida sexual. Acabei demorando anos pra perceber o problema.

Inimiga do tesão

Aos 30 anos, casada, pós-graduada, com a vida e o relacionamento estáveis, decidi(mos) engravidar e parei de tomar a pílula. Aí então, um mundo novo se mostrou pra mim… enfim, tive meu primeiro orgasmo.

É isso mesmo que você leu: até os 30 anos eu nunca tinha experimentado um orgasmo! E eu nem sabia disso. Antes, o sexo era gostoso sim, mas orgasmo mesmo, eu achava que era lenda.

Algum tempo depois, tive que voltar a tomar a pílula pra tratar uns cistos no ovário. E boa parte do meu tesão foi embora, levando meus orgasmos com ele. Aí ficou nítido, óbvio: a pílula me impedia de curtir o sexo, me impedia de ter orgasmos! E depois que você o experimenta, não dá pra ficar sem…

E não era só a falta do orgasmo (que, por si só, já foi muito prejuízo na minha vida), passei a observar que, sem a pílula, meu corpo responde melhor aos estímulos sensuais, a lubrificação é mais rápida e eficiente e a estimulação clitoriana (que eu sempre subestimei) passou a ter uma resposta infinitamente mais gostosa que antes.

Me dei conta que muitas neuras minhas do passado foram causadas pelo uso da pílula anticoncepcional. Eu achava que eu não gostava tanto assim de sexo, ou que eu tinha algum problema físico (pela falta de lubrificação com dor na penetração, algumas vezes). Também comecei a ter aquela mentalidade de que o homem tem mais desejo sexual que a mulher, que é da natureza deles… tudo balela. Passei anos sob o efeito de uma castração química, sem saber!

Os ginecologistas dão pouca (ou nenhuma) importância para o assunto

Durante este processo de auto-conhecimento, relatei isso ao ginecologista algumas vezes. Ele sempre comentou ser normal essa redução da libido com o uso dos hormônios anticoncepcionais e, além de recomendar lubrificantes, trocou várias vezes a pílula por outra pílula que sempre prometia ser “mais fraca” que a anterior. De nada adiantava.

Após o tratamento dos cistos, voltei ao projeto gravidez, parei de tomar a pílula de novo, e curti meus orgasmos deliciosamente. Engravidei, pari e comecei a usar apenas a camisinha.

Na última consulta com o ginecologista eu disse que queria continuar a não usar hormônios e usei o termo “castração química” pra me explicar. Ele fez uma cara de que nunca tinha ouvido alguém dizer isso, deu uma risadinha sonsa e falou: “é, não deixa de ser mesmo”. Depois, me indicou o DIU hormonal prometendo um efeito mais local, pois meus cistos parecem ter voltado e talvez eu precise de hormônios para tratá-los novamente.

Fiquei pensando na pouca importância que meu médico deu pra isso. Talvez pelo fato dele ser homem e nunca ter tido seu tesão reduzido a zero de uma hora pra outra. Mas outros médicos que consultei seguiram neste silêncio pudico, nenhum(a) nunca conversou de verdade comigo sobre desejo sexual. Será que eles acham que isso não é competência da área deles? Mas estes profissionais podem, sim, dar orientação sobre sexualidade, vide as postagens da Ginecologista Sincera. Só não sei se não o fazem por despreparo ou puritanismo.

A internet também não ajuda

Na falta de um profissional pra me orientar sobre isso aqui na minha cidade, sigo me informando e observando meu corpo. Mas, sempre que leio sobre redução de libido na internet, os textos sempre trazem “soluções” relacionadas a fatores psicológicos/emocionais (como stress, ansiedade, depressão) que, claro, são importantes, mas quase ninguém fala do fator químico dos hormônios sobre a libido.

E, considerando que um número imenso da população feminina usa os anticoncepcionais hormonais, é maior a chance da falta de libido ser relacionada a pílula e não à fatores psicológicos, como se sugere. E vou além, acredito que o efeito da pílula sobre a sexualidade feminina pode ser a causa de distúrbios psicológicos relacionados à sexualidade. Afinal, se todo mundo fala que sexo é muito bom e você não sente vontade de transar… você fica achando que tá ficando doida, e uma hora acaba ficando mesmo, ou deprimida, ou ansiosa… E vai parar na terapia.

Então, é melhor não tomar pílula anticoncepcional?

Que fique bem claro que este texto não é para incentivar as mulheres a parar de tomar a pílula. Ainda acho que ela é uma coisa bem legal, desde que a gente saiba exatamente o que está tomando, e o que isso está fazendo com nosso corpo, ciente dos efeitos (bons e ruins) e de acordo com eles.

Tomar ou não tomar a pílula é uma decisão pessoal, que envolve consequências muito sérias. O importante é conhecer muito bem as opções, de preferência orientada pelo médico, para decidir o que você quer para a sua vida e assumir os riscos da sua escolha. Não tem certo e errado. Tem o que é melhor pra cada um.

Eu ainda não encontrei um método ideal, que evite a gravidez com a eficácia da pílula e que não tenha efeitos negativos no meu corpo. Então, até eu precisar tratar os cistos novamente com hormônios (se não houver outra alternativa), sigo usando só a camisinha. Morrendo de medo de engravidar de novo, mas curtindo meu tesão feliz da vida.

5 thoughts on “Castração química feminina

  1. Lucimeire da Silva Motta Aidar says:

    Comigo aconteceu algo parecido, o cardiologista me recomendou que parasse de tomar o remédio, só me falou dos males que a pílula trás. Nos primeiros meses senti um fogo inexplicável, achei que estava “possuída” rsrs. Já estou há 7 meses sem tomar. Uso a tabelinha e camisinha. Também morro de medo de engravidar de novo. Realmente não encontramos nada a respeito, nada que nos direcione e acalme. Fui conversar com uma amiga, formada em química, e ela me falou sobre o efeito da pílula, me disse que o anticoncepcional deixa a mulher no “modo menopausa”. Enfim, estou muito agradecida pela postagem, vi que não estou sozinha. Outra coisa que descobri é que falta de sexo causa insônia! 🙄 Tô eu aqui, às 01:43 acordada… quem diria! Abraço.

  2. Ligia B says:

    Estou nessa mesma situação…pedi ajuda várias vezes ao meu ginecologista e sempre disse que era normal, nunca me deu uma saída…tomo a pílula desde logo que comecei a menstruar (acho que tinha uns 14 anos) por conta dos cistos no ovário, atualmente faz quase 11 anos que tomo a mesma piula o Cerazete e hoje me sinto totalmente castrada sexualmente, não sinto mais vontade de nada, fora a canseira, sono, desanimo, nervosismo e até sintomas de depressão…é um absurdo isso não ser claro para nós mulheres quando nos é recomendado o uso da pílula!!! Tenho 32 anos e meu marido coitado não aguenta mais e me sinto péssima com essa situação…por isso hoje decidi paro hoje de tomar a pílula!!!

  3. Bombom says:

    Oi, sou prostituta, fazer s vontade com um completo estranho e fingir que é bom e parte do trabalho. Mas o que realmente eu gostaria de saber é jeito de não quer ninguém nunca, vou deixar essa vida e não quero ninguém, não quero um abraço ou uma. Companhia. Quer alguma coisa que realmente me transforme em uma pessoa axesuada . ( Alguém que não tem necessidade de ter sexo nunca)

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