Vamos falar, mais um pouco, sobre abusos contra mulheres?

Abusos contra mulheres

Eu trabalho em São Paulo. Para chegar ao meu destino, tenho que pegar três linhas de metrô (geralmente, duas sempre estão cheias). Na semana passada, eu sofri um abuso no metrô. O rapaz de terno, aproveitou que o metro estava cheio, para passar a mão em mim. Respirando fundo e tentando me controlar, pedi para que ele parasse. Com um sorrisinho, ele me falou que não estava fazendo nada. Ele tentou mais uma vez, mas eu dei uma cotovelada em sua barriga. Ele parou na hora e começou a me xingar: “Louca, cretina, imbecil”. Assim que chegou na minha estação, olhei para ele e disse “Se você pensa que vai abusar de mim ou de outras mulheres, está muito enganado. Nós somos a revolução! Se mexer com mais alguém, vamos acabar com você”.

Subindo as escadas do metrô, fui me lembrando quantas vezes fui violentada. Não consegui contar, o número ultrapassou. Em todos os casos, eu me sentia horrível. Pensei em outras mulheres, em todas as violências. Um nó na minha garganta apareceu. Por que nós nos sentimos culpadas? Por que os homens acreditam que são nossos donos?

Segundo pesquisa do Datafolha, ano passado 503 mulheres foram vítimas de agressão física a cada hora no país. Isso representa 4,4 milhões de brasileiras. 29% das mulheres já sofreram agressões verbais. Além disso, 22% afirmaram ter recebido insultos e xingamentos ou terem sido alvo de humilhações (12 milhões) e 10% (5 milhões) ter sofrido ameaça de violência física.

Os números são absurdos, por isso, precisamos falar, falar, falar e falar mais um pouco sobre abusos.

Muitas pessoas ainda acreditam que somente violência física é um abuso para as mulheres, mas não é apenas isso. É muito mais! Violência patrimonial, sexual, física, moral, doméstica e psicológicas entram no grupo. Se algum homem te humilhar, xingar, diminuir a autoestima, tirar sua liberdade, te controlar ou oprimir, bater, expor sua vida íntima, sacudir e/ou apertar seus braços e impedir de prevenir a gravidez ou obrigá-la a abortar, DENUNCIE!

 

Eu sei, é muito fácil falar “vá em uma delegacia e diga tudo”, mas fazer acontecer é difícil. Eu já estive em uma delegacia para mulheres e o tratamento é horrível… Por isso, fale com outras mulheres. Converse, chore e solte o que está dentro de você. Eu sei que é difícil, mas você é forte.

Fico feliz em saber que pautas femininas estão na TV, músicas, livros, cinemas, debates de escolas e muito mais… É necessário falar e (re)falar mais uma vez. Vamos ensinar para a nova juventude que o mundo deve ser igual, sem machismo, sem preconceitos. Vamos continuar fazendo barulho – isso é só o começo.

Quando eu cheguei no meu trabalho e sentei em minha mesa, eu sorri. Sorri porque confrontei mais um homem que acha que tem algum direito sobre mim. Isso me deu mais força para continuar lutando por um mundo igual, onde o machismo acabe. Eu também sei que é uma briga longa, mas eu sou forte. Nós, mulheres, somos incríveis e fortes!

Hoje, eu quero agradecer ao homem de terno, que me mostrou minha força. Obrigada.

Em nossos corpos, vocês nunca tocarão.

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