Setembro Amarelo | Prevenção ao Suicídio Adolescente

Prevenção ao Suicídio Adolescente

O suicídio é um fenômeno complexo que tem atraído a atenção de filósofos, teólogos, médicos, sociólogos e artistas através dos séculos. Como um sério problema de saúde pública, este demanda nossa atenção, mas sua prevenção e controle, infelizmente, não são uma tarefa fácil.

As melhores pesquisas indicam que a prevenção do suicídio, enquanto factível, envolve uma série completa de atividades, abrangendo desde a provisão das melhores condições possíveis para congregar nossas crianças e jovens através de um tratamento efetivo dos distúrbios mentais até um controle ambiental dos fatores de risco.

Vale ressaltar que elementos essenciais para os programas prevenção do suicídio são o aumento da percepção e a disseminação de informação apropriada. Portanto, este texto busca elencar elementos e comportamentos de risco em adolescentes para que famílias, educadores e pessoas próximas consigam identificar e tentar ajudar na prevenção!

Padrão familiar e eventos de vida negativos durante a infância

Padrões familiares destrutivos e eventos traumáticos no início da infância afetam a vida posteriormente, principalmente se houve dificuldade em lidar com o trauma.

Aspectos da disfunção e instabilidade familiar e eventos de vida negativos descobertos em crianças e adolescentes suicidas são em sua maioria envolvendo brigas, separações, eventos traumáticos, abusos e violência.

Evidências sugerem que pessoas jovens suicidas freqüentemente vêm de famílias com mais de um problema, sendo assim os riscos são cumulativos. Como eles são leais aos pais e às vezes não desejam, ou são proibidos de revelar segredos familiares, geralmente resistem em procurar ajuda fora da família.

 

Estilo de personalidade e cognitivo

Os traços de personalidade seguintes são freqüentemente observados durante a adolescência, estão também associados com o risco de tentativas de suicídio e suicídio (mais freqüentemente concomitantes a transtornos mentais), portanto sua utilidade em predizer suicídio é limitada:

  • humor instável;
  • raiva e comportamento agressivo;
  • comportamento anti-social;
  • comportamento manipulativo
  • alta impulsividade;
  • irritabilidade;
  • pensamento e padrões rígidos de enfrentamento de problemas
  • pouca habilidade para resolver problemas;
  • dificuldade em aceitar a realidade;
  • tendência a viver num mundo ilusório;
  • fantasias de grandeza alternando com sentimentos de menos valia;
  • baixa tolerância a frustrações ;
  • ansiedade, particularmente com sinais de sofrimento físico ou frustração leves;
  • perfeccionismo;
  • sentimentos de inferioridade e incerteza que podem estar mascarados por manifestações exageradas de superioridade, comportamento provocativo ou de rejeição a colegas e adultos, incluindo pais;
  • incertezas em relação à identidade ou orientação sexual;
  • relacionamentos ambivalentes com pais, outros adultos e amigos.

Enquanto há muito interesse nas correlações entre fatores cognitivos e de personalidade com o risco de comportamento suicida entre adolescentes, as pesquisas disponíveis mostram que qualquer traço cognitivo ou de personalidade especifico é geralmente esparso e freqüentemente equivocado.

Transtornos psiquiátricos

O comportamento suicida é mais freqüente em crianças e adolescentes com os transtornos psiquiátricos seguintes. Depressão A combinação de sintomas depressivos e o comportamento anti-social têm sido descritos como o antecedente mais comum entre adolescentes suicidas.

Vários estudos têm demonstrado que mais de três quartos daqueles que eventualmente tiram suas próprias vidas apresentam um ou mais sintomas depressivos, a muitos sofrem de transtorno depressivo já estabelecido. Adolescentes que sofrem de depressão geralmente queixam-se de sintomas físicos quando procuram o médico. Estas queixas somáticas, como dor de cabeça, de estomago, nas pernas ou peito, são freqüentes. As garotas deprimidas têm tendências fortes de abandono, se tornam quietas, sem esperanças e inativas. Já os garotos deprimidos tendem a apresentar comportamento agressivo e inadequado, acabam demandando mais atenção de seus pais e professores. A agressividade pode levar à solidão, que é isoladamente um fator de risco para o comportamento suicida. Apesar de sintomas depressivos ou transtornos depressivos serem comuns em crianças suicidas, eles não são necessariamente concomitantes aos pensamentos suicidas ou tentativas de suicídio.

Os adolescentes podem se matar sem estarem deprimidos, e podem estar deprimidos e não se matarem.

Transtornos de ansiedade

Estudos têm verificado uma relação consistente entre transtornos de ansiedade e tentativas de suicídio entre homens, existe uma associação mais fraca entre as mulheres. Traços de ansiedade parecem afetar o risco de comportamento suicida de forma relativamente independente à depressão. Isto sugere que o grau de ansiedade dos adolescentes deve ser avaliado e tratado.

Sintomas psicossomáticos também estão freqüentemente presentes em pessoas atormentadas com pensamentos suicidas.

Abuso de álcool e drogas

História de abuso de álcool e drogas está presente entre muitas crianças e adolescentes que cometem suicídio. Neste grupo etário tem sido encontrado que um em cada quatro paciente suicida consumiu álcool ou droga antes do ato.

Transtornos alimentares

Por causa da insatisfação com seus corpos, muitas crianças e adolescentes tentam perder peso e ficam preocupados com o que devem ou não comer. Cerca de 1 a 2% das adolescentes femininas sofrem de anorexia ou bulimia. Meninas anoréticas muito freqüentemente também sofrem de depressão. O risco de suicídio entre meninas anoréticas é em geral 20 vezes maior que da população jovem. Descobertas recentes mostram que meninos também podem sofrer de anorexia e bulimia.

Transtornos psicóticos

Apesar de poucas crianças e adolescentes apresentarem uma forma severa de transtorno psiquiátrico, como esquizofrenia ou transtorno afetivo bipolar, o risco de suicídio é muito alto entre os afetados. A maioria dos jovens psicóticos é caracterizada por apresentar vários fatores de risco , como problemas com bebida, fumo excessivo e abuso de drogas.

Prévias tentativas de suicídio

História de uma única tentativa de suicídio ou tentativas recorrentes, com ou sem os transtornos psiquiátricos mencionados acima, é um importante fator de risco para o comportamento suicida.

 

Identificação do sofrimento

Qualquer mudança súbita ou dramática que afete o desempenho, a capacidade de prestar atenção ou o comportamento de crianças ou adolescentes deve ser levado seriamente, como:

  • falta de interesse nas atividades habituais;
  • declínio geral nas notas;
  • diminuição no esforço/interesse;
  • má conduta na sala de aula;
  • faltas não explicadas e/ou repetidas, ficar “matando aula”;
  • consumo excessivo de cigarros (tabaco) ou de bebida alcoólica, ou abuso de drogas (incluindo maconha);
  • incidentes envolvendo a polícia e o estudante violento. Estes fatores ajudam a identificar estudantes em risco para sofrimento mental e social que podem apresentar pensamentos de suicídio que em último caso levar ao comportamento suicida.

Se algum desses sinais for identificado procure alertar a família e medidas devem ser tomadas para se obter uma avaliação abrangente do adolescente, desde que ele indique sofrimento severo em que o resultado, em alguns casos, pode ser o comportamento suicida.

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