Respira fundo e vai | Câncer de Mama

Medo desconhecido

Desde o nascimento somos expostos ao desconhecido, sem isso não haveria evolução. Mas desde sempre o desconhecido nos amedronta no começo: medo do primeiro dia de aula, medo do primeiro dia de ficar sem a mãe, medo do primeiro encontro, do primeiro beijo, da primeira festa, da primeira transa, do primeiro dia de trabalho, de cuidar do primeiro filho … o novo nunca nos abandona e o medo idem, ai é aquela hora que você respira fundo e vai.

Claro que com o diagnostico do câncer de mama não ia se diferente! Alias, medo x 1000 mas recuar não podia ser uma opção.

Após o sim definitivo da mastologista, já com o resultado da biopsia em mãos, tive que ser prática:

  • qual tipo de cirurgia
  • como vai ser o tratamento
  • cirurgia plástica depois da retirada do tumor
  • o convênio vai cobrir tudo
  • exames pré operatório
  • saber se tem ou não metástase

Foi bem difícil não ser dominada pelo medo e ao mesmo tempo  ter que ser prática. Por mais que estivesse amparada me sentia só porque as burocracias dependiam de mim e eu só queria ficar quietinha deitada no colo da minha mãe.

Bom, os primeiros itens foram resolvidos até que de forma tranquila. Saber que o convênio cobria tudo, que a mastectomia (retirada do seio) não seria necessária e faria a reconstrução do pedaço retirado na mesma cirurgia foi bem reconfortante.Ouvir da médica que as células doentes eram bem próximas de células saudáveis também diminuiu o medo em muitos por cento.

Faltavam os exames para saber se tinha metástase, ai o bicho pegou!

Além do medo existia uma culpa imensa, porque eu não contei pra vocês mas demorei uns 3 meses pra ver o que era o “caroço” e ainda demorou mais uns 3 meses para fechar o diagnostico porque minha gineco não acreditava que podia ser o que era.

Aliás vale registrar duas coisas importantes que aprendi e que acho que todas podem levar pra vida:

  • quem cuida da mama é mastologista, ginecologista cuida das partes baixas
  • quando a palavra do médico não for suficiente, quando a intuição disser que não é bem aquilo vá atrás de outro diagnostico.

No meu coração  sabia o que eu tinha e o tempo que perdi poderia ter sido decisivo na minha vida. A minha irresponsabilidade (medo, cagaço mesmo) poderia ter causado um estrago grande no meu corpo mas graças a Deus, tudo sobre controle.Encontrei médicos tão especiais nesse momento dos exames que todos, ao perceber minha tensão, já me contaram mesmo antes dos laudos que não tinha nada de errado com os órgãos analisados. Ufa!

(para que vocês saibam são analisados pulmões, ossos e fígado, órgãos mais propensos a sofrer metástase do câncer de mama)

Nesse momento eu entendi que estava começando uma batalha e que só dependia de mim e minhas armas o resultado final. Me senti num jogo de vídeo game matando o primeiro chefão.

PS: infelizmente a maioria das pessoas não tem condições de fazer o tratamento através de planos de saúde mas vale registrar aqui que o SUS, pelo menos em SP, é muito eficiente. Nessa estrada conheci muitas mulheres que fizeram/fazem tratamento em hospitais públicos especializados e que tem atendimento de primeira.

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