Renascendo de uma crise de ansiedade

crânio de ave

Dizem que na lua cheia as nossas emoções afloram e se tornam muito mais intensas.
Não sei, mas hoje tive um insight.

Ser normal

Há alguns meses me sinto bem melhor quanto à minha ansiedade. Passei por momentos nos quais a sensação era de queda livre por horas, dias. Um choro compulsivo, um desespero sem fim. Eu queria que alguém fizesse algo por mim. Sei lá, que arrancasse essa coisa ruim do meu peito. E precisava que alguém fizesse isso logo para que eu pudesse, assim, voltar a ser uma pessoa “normal”.

É engraçado que muitas vezes temos uma visão muito superficial da nossa própria humanidade. Parece que ser alguém normal é ser alguém fácil de encantar o olhar do outro. É ser adequado. E quando tudo gira em torno do outro, o que é nosso, e só nosso, começa a ruir.

Estamos todos ansiosos

Penso que com o ritmo de vida temos hoje, com as pressões e com a quantidade de informações que recebemos, não ser ansioso é a exceção.

Embora a internet nos traga muitas facilidades, eu acredito que tudo isso força nossa mente à um limite perigoso. São tantos rostos,corpos, trechos de notícias e opiniões em um período de tempo tão curto! Um rolada de instantes no feed é quase meia volta ao mundo. Sabemos de tanta coisa de um jeito tão superficial e apressado…

Eu tenho certeza que isso afeta nossos relacionamentos. Inclusive aquele relacionamento que mantemos com nós mesmos. Essa pressa no olhar. Essa pressa em dizer: -“Eu já sei isso! ”

É possível lidar

Hoje, apesar das melhoras e avanços, tive uma crise de ansiedade. E quem passa por isso sabe como ela vem sorrateira e consegue pegar de jeito. Mas pela primeira vez eu olhei para essa crise como algo que só poderia ser cuidado por mim. Claro que existem condições externas ideais que melhorariam a situação, mas essa expectativa sobre o outro nos faz gastar energia sofrendo com algo que não podemos mudar.

Percebi que olhar para a situação e pensar sobre o que eu poderia fazer a respeito disso me trouxe mais força. Me fez sentir mais conectada comigo mesma. Não foi uma fuga, não foi mais um momento em que não me reconheci ou me julguei algo ruim. Acho que essa visão de que tais estados também fazem parte do que somos é essencial para qualquer melhora.

É você por você mesmo

Outra coisa essencial é não pensar em ninguém na hora da crise. E isso entra na questão de focar no que está em nossas mãos fazer por nós. Isso inclui despejar para longe todo e qualquer julgamento, real ou imaginado.

Ter crises e oscilações não é sinal de fracasso, não é indício de que tudo vai desandar.

Talvez eu não seja a melhor companhia quando estou mal, e está tudo bem. Relacionamentos reais, sejam de que nível forem, não são feitos só de momentos fáceis. Além de que o foco durante uma crise não deve estar no outro mas sim em nós mesmos, que precisamos estar conscientes do que está acontecendo dentro, antes de preocupar em resolver questões externas.

É possível olhar com admiração para quem se é, mesmo tendo crises.

Pois sendo realista, e lidando com o que se tem, não gastamos energias querendo ser qualquer outra coisa que provavelmente não existe.

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