Quando você tomou seu último banho de chuva?

BANHO DE CHUVA

BANHO DE CHUVA

Aquele desespero latente que lhe acomete, uma vontade de voltar no tempo, de reencontrar-se consigo mesma e que diz “não pare de escrever”.

E a tal busca por um culpado? Somos nós? É o nosso meio? É o que nos cerca? Talvez não. De tantos os pensares, as avaliações frias e calculadas, concluiu-se que a culpa é da tecnologia.

Quando não havia email escrevia-se cartas, quando não havia SMS/WhatsApp dialogava-se com as pessoas, quando não se perdiam as horas “vendo” a vida de outros a nossa é que era vivida.

Consequentemente o pensar em todo o resto é o que se põe em mente. Todo o resto que se perde por causa da digitalização de todas as vidas. E tantas são as pequenas coisas mágicas que se deixa de ver, sentir, assimilar. Antigamente se buscava o lugar com a melhor vista, o mais agradável, hoje procura-se um que tenha tomada perto. Ao chegar em um ambiente era visto o lugar, para tirar uma impressão geral, hoje, faz-se check-in e quando se percebe já está sentada e não viu nada. O sabor da comida tornou-se menos importante do que a foto, e o diálogo com os que lhe cercam é trocado por um “bate-papo” virtual com pessoas que não estão ali, não se olha mais nos olhos. Responda mentalmente, sem olhar, como estão vestidas as pessoas ao seu redor? Qual é a cor da blusa da sua mãe, do seu amigo ou do amor que está aí com você? Quando foi a última vez que você observou a beleza da sua cidade pela janela do ônibus ou, quando foi a última vez que reparou na pessoa sentada do seu lado no mesmo?

Essa pessoa poderia ter um bom papo, uma história interessante pra contar, mas você não ouviu. É priorizado o joguinho à família, o selfie à olhar as pessoas ao redor, o Tinder à uma paquera real. É triste, mas o mais deprimente é questionar quando foi a última vez que tomou um banho de chuva.

Você se lembra dos banhos de chuva da sua infância, lembra da sensação das gotas de chuva no rosto, de pisar nas poças, espirrar água pra todo lado.

A tecnologia impede até que nos molhemos!

Ninguém mais toma banho de chuva, aquele em que se entrega à chuva e é um só com ela. Ir pra praia sozinho e dar um mergulho sem se preocupar com o celular na areia.

E andar sem lenço e sem documento? Quando foi a última vez que você saiu sozinho? Sozinho mesmo, sem nada que te conecte aos outros? Quanto tempo você consegue passar sem dar uma “checada” na rede? Quantas páginas de um livro você lê sem parar para fazer isso? Tornamo-nos totalmente dependente desta tecnologia, porém esse texto foi originalmente escrito à mão, em um caderno e, pasmem, sem parar nenhuma vez para pegar o celular.

Precisamos reencontrar a liberdade, procure você também.

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