Você está completamente apaixonada. E pensa em casar. E é claro que casa, e porque não casaria? É o amor da sua vida, vocês se dão super bem. Até aí tudo bem, vocês escolhem seu cantinho, compram a mobília, juntam as escovas de dentes e “click” está armada uma bomba, iniciou seu primeiro ano de casamento. É sua missão, e do seu amor, desarmar essa bomba. A notícia ruim é que se ela explodir vão os dois pro espaço. A notícia boa é que se durante um ano vocês conseguirem se manter a salvo ela dificilmente explodirá, mesmo que não a desarmem completamente.
Pra ler ouvindo “O Mundo Anda Tão Complicado” da Legião Urbana, de der. Se não, só lê)
A ideia geral é que se você passar por esse período, a coisa vai dar certo. Obviamente que casamentos terminam com os mais variados tempos de duração, e mais obvio ainda que eu não tenho a fórmula mágica do “até que a morte nos separe”. Na real, cada casal é um casal, relacionamentos começam e terminam o tempo todo, e não há o que fazer sobre isso. A questão principal é que as vezes vocês querem muito, mas a convivência é complicada. Costumo falar disso como dois mundos se fundindo. Você tem a sua vida, sua rotina, seus hábitos, seu senso de certo/errado, e seu amor os dele(a). O objetivo é fundir esses dois mundos mesmo, e fazer deles, o mundo dos dois. Agora, imagine aí dois mundos fundindo, imagine o caos, é a isso você precisa sobreviver. Isso é o primeiro ano de casamento.
Meu primeiro ano de casamento foi assustador. São coisas bem bobas, que vão sugando sua paciência. É a louça na pia que você odeia, é o piso do banheiro molhado que seu amor não suporta e você nem liga, é a tv ligada pra dormir, é a toalha sobre a cama, é o ponto da carne! Enfim, é toda a sua rotina que tem que ser dilacerada para incluir a rotina de outra pessoa. E aí começam as brigas, uma atrás da outra e isso é desgastante, desgastante demais. É quando a bomba está quase explodindo. É o momento que você precisa decidir entre “ser feliz ou ter razão”.
Mana, nunca se anule, não é sobre isso que estou falando. Estou falando sobre ceder. Faça sua lista de dez coisas que você odeia e peça para que seu amor faça uma também. Falem sobre isso e tentem trocar uma coisa por outra, Se você prometer não deixar louça suja na pia, eu prometo puxar a água sempre que eu tomar banho, e assim por diante. Tente entender que as coisas que ele(a) faz, não são para te irritar, e que mesmo que você já tenha falado mil vezes, é difícil porque é um habito de anos e anos. Tente cumprir essas, não tão simples, dicas:
- Não durma brigada: Isso não significa passar a noite discutindo, nem tentar resolver antes de dormir. Muitas vezes o melhor é tentar conversar depois, com a cabeça fria, mas não durmam brigados. Abrace, dê boa noite e diga que ama. Amanhã é outro dia, e vocês vão se resolver, mas ir dormir “ruminando” a raiva, não vai ajudar em nada e só afastará vocês.
- Não envolva terceiros em suas brigas: Isso não significa que você não possa pedir ajuda, conversar com pessoas de sua confiança. Você pode e deve. O que não pode é sua vida virar novela, e todo mundo dar palpite.
- Evite falar sobre família: Por mais que algumas coisas da família dele(a) te incomodem, tente ser muito cautelosa ao tratar do assunto. Por mais que muitas vezes ele(a) concorde com você, família é família, e você pode ofende-lo(a) ou pior que isso, coloca-lo(a) em uma situação de escolha entre você e a própria família.
- Escolha uma forma de tratar o dinheiro: É muito difícil que os casais recebam exatamente o mesmo salário, então conversem sobre e encontrem uma forma de lidar com isso. Por exemplo, tenho 40% da renda da casa, por tanto pago 40% das despesas. Ou ainda, somamos os salários e pagamos as contas, não importando a contribuição de cada um. Não importa, escolham uma forma de colocar o dinheiro no lugar dele. Quando o dinheiro não está no lugar dele, ele toma conta de tudo, inclusive do casamento.
- Saia: Por mais que a tentação de ficar em casa seja grande, saia, veja os amigos, ainda que ele(a) esteja junto. Não abandone a vida social por conta do casamento. E não tem nada a ver com esse papo de “o casamento acaba, os amigos estão aí”, o motivo real é que vocês precisam ver gente. Ficar enfurnado dentro de casa, só dificulta a adaptação de vocês.
- Abdique: Não brigue por coisas que não são realmente importantes para você. Será mesmo que é essencial usar a marca de sabão em pó que você usa? Provavelmente não, então não vale a pena brigar porque ele (a) comprou outra. Abdique.
- Ame: Apesar de tudo ame. A coisas são difíceis, ame. Ele(a) ronca, ame. Ele (a) comete o crime de acordar de bom humor, ame. Ele (a) não gosta de Harry Potter, ame. Enquanto puder, ame. Um casamento não sobrevive só de amor, mas certamente não vale a pena sem ele.
Tenho certeza que essas dicas valem para qualquer período do casamento, mas no primeiro ano é essencial. Se vocês quiserem ficar juntos, e não deixarem que a adaptação do primeiro ano engula o relacionamento, vão ter enormes chances de continuar escrevendo uma bela história.
