“Por que se você parar pra pensar….”

“Você me diz que seus pais não entendem, mas você não entende seus pais”…

Renato Russo disse isso em uma de suas músicas e, quanto mais o tempo passa, mais percebo o quanto ele estava certo. Ninguém entende o “não” quando se quer voltar mais tarde ou aquela ideia que os pais têm de que podem mandar nas nossas vidas porque simplesmente estamos de baixo do mesmo teto. Ninguém entende quando a mãe fala diga-me com quem você andas e eu te direi quem és” – minha mãe falava isso. Cuidado!

De fato, o que eu ando pensando é que seremos os pais dos nossos pais em breve e que, antes disso, precisamos aprender a ser os pais dos nossos filhos. Existem pessoas que assumem a paternidade ou maternidade cedo demais e acabam não entendendo seus papeis. Não sabem ser filhos. Não sabem ter uma família porque sempre tiveram que cuidar dos outros. Mas, olha… No fim, os ciclos se repetem e a gente nem percebe. Quando saímos com os amigos e nossos pais puxam assunto ou interrompem “nossos momentos…  Não existe coisa mais chata, certo? Agora imagine seus pais em um jantar de amigos na melhor pizzaria da cidade. Sua mãe querendo trocar receitas e você querendo ir embora ou brincar mais na rua. Ou talvez fosse só manha, aquela necessidade de colo que parece não passar nunca…

Quantas vezes você quis participar de um assunto que mal entendia e seus pais te deixaram fazer parte porque simplesmente não queriam te ver triste ou que se sentisse excluído? Quantas vezes interrompemos aquele “papo desabafo” dos nossos pais porque queríamos participar e não sabíamos como? Pois é! Agora eu sei! Somos o reflexo do que vimos um dia, mas não precisamos fazer tudo igual.

Eu acredito no mútuo, mas também no revolucionário Nas apostas incertas, na roleta-russa, no “vai que cola”. Acredito que posso ser uma mãe diferente. Embora muita coisa, mesmo contra a vontade, será igual. E por mais que a essência não mude tanto, as atitudes mudam.
Sobre aquilo que já dizemos que não vamos repetir com nossos filhos: nossos pais disseram a mesma coisa, acreditam?

Talvez não saibamos fazer completamente diferente. Talvez tenhamos a sorte de não fazer exatamente igual. Podemos até estar generalizando o que nos parece “igual”, mas não importa mais porque quando tivermos os nossos filhos, ainda seremos o ursinho de dormir mais incrível nas noites de pesadelo, os sortudos por receber aquele abraço acompanhado de um sorriso banguelo no começo das vidas deles ou no final da apresentação da escolinha.

Seremos “o máximo” por inovar no lanche ou por simplesmente estar no portão na hora da saída da escola. Também seremos taxados de caretas na proibição de horários das festinhas de quinze anos ou da sessão de cinema com os amiguinhos que são “semi paixonites”. Seremos o colo da primeira desilusão e, ao mesmo tempo, a pessoa da qual eles mais terão vergonha para falar sobre os primeiros sentimentos. Sinta-se confortado.Apesar de ser quem fornecerá uns “trocados”, será também quem ganha os olhares, carinhos e presentes mais criativos do mundo. Sabe aquele seu “pedacinho de gente” no mundo? Ele se tornará a maior parte dele.  A sua história mais bonita pra contar. Não importa quanto tempo passe. Ainda que haja resistências, frustrações,  falta de sorte ou abundância dela, o que restará serão as histórias sobre vocês dois.  E, acima de tudo, entre vocês.

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