Ou ela ou eu – dilema animal

Ou ela ou eu – dilema animal

​A cachorrinha, um pouco mais que um filhote, anda pela casa saltitante. Aquela era sua nova família agora e aos poucos, ela iria se habituar à casa e aos moradores. Entre uma brincadeira e outra, ela, que ainda não sabia ao certo onde deveria fazer suas necessidades, acabou por perder o controle e fazer tudo ali mesmo no chão.
​Na hora ela ficou com medo e envergonhada, porque foi mesmo sem querer. É que a vontade foi maior e ela tinha mesmo acabado de comer. Achou, contudo, que não seria nada tão sério, indesculpável, mas quando ouviu os gritos da sua dona e a fúria que a mulher direcionou a ela, percebeu que estava encrencada. Contudo, o pobre animal não poderia, como ninguém em sã consciência, imaginar qual o castigo que lhe estava destinado.
​No meio da discussão do casal, diante do cocô feito no lugar errado, a mulher grita ao marido que escolha entre ela ou a cadelinha. Sem hesitar, ela escolhe o animalzinho. Diante do óbvio, a mulher simplesmente arremessa a cachorrinha pela janela do apartamento situado no 3º andar de um bairro da cidade de Osasco, região da grande São Paulo.
​O crime, pois inegavelmente assim tal crueldade se configura, ocorreu há alguns dias e deixou chocados todos aqueles que tem a clareza, a lucidez de saber que toda vida deve ser respeitada. Eu acredito, ou quero acreditar, que a grande maioria das pessoas achou esse ato abominável. Ao meu ver, essa mulher é destituída de muitos sentimentos bons, sobretudo a empatia e a piedade.
​Não posso imaginar o desespero do animal ao sentir o chão sumir sob suas patas, diante a violência impingida, numa mostra total de desumanidade, de ausência de compaixão e respeito por tudo que se move, que respira, que sente dor e medo. Por obra da bondade divina, a cachorrinha sobreviveu e agora, diante de uma pata e confiança quebradas, está internada em uma clínica, custeada por uma ONG.
​Oxalá ela não volte jamais à companhia de sua algoz. Não sei o papel do marido em tudo isso e não me cabe falar sobre o que desconheço. Assim, não irei omitir juízo de valor sobre ele, mas ao menos ele escolheu corretamente diante das opções que teve. Quanto à criminosa, cuja conduta foi presenciada por cinco testemunhas , eu apenas espero que a justiça seja feita.
​Felizmente, as coisas tem mudado um pouco para melhor no Brasil no que respeita à punição daqueles que praticam maus tratos aos animais. Condenações tem vindo mais rigorosas e a opinião pública ajuda bem a execrar tipos como esses. Além da Justiça dos homens, creio na Justiça Divina, na lei do retorno, que não poupa ninguém…

Cinthya Nunes – cinthyanvs@gmail.com

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