O tal do relacionamento aberto

Três dedos simbolizando três pessoas unidas.

Eu já tentei viver o tal do relacionamento aberto. Não deu certo. Mas, não foi uma experiência ruim. Me ajudou a conhecer melhor meu marido e, sobretudo, a mim mesma.

 

Dizem que é o sonho de todo homem casado: poder sair com quem quiser. Já no universo feminino, ainda é tabu. Mulher que se relaciona outros homens, mesmo que eles estejam de acordo, ainda é taxada de puta. Mas os relacionamentos abertos e o poliamor estão cada vez mais sendo discutidos e vivenciados pela sociedade moderna.

 

Eu tive a experiência

Depois de mais de 10 anos num relacionamento muito bacana, com uma pessoa de mente aberta e um coração enorme, com muito amor e respeito envolvidos… resolvemos tentar. Mas, na verdade, a gente não sabia muito bem como fazer. Flertar depois de tanto tempo, parecia meio artificial. E flertar com as pessoas que sabiam da nossa condição de casados, gerava estranheza, mesmo elas sabendo da abertura no relacionamento. O mundo ainda é bem careta.

Também não rolou contar pra família. Iria dar muito falatório, lidar com as críticas e trabalhar na aceitação de todos exigiria uma energia que não estávamos dispostos a gastar.

Mas também teve um porém, que pra mim foi um dos fatores decisivos para o fracasso da coisa: ele não queria saber de nada do que eu fizesse, aceitava, mas não queria saber. Então eu teria que esconder tudo de todos, do marido, da família, da sociedade. Foi aí que, pra mim, não rolou. O que era pra ser uma experiência legal, parecia traição. E eu não curti.

Eu queria dividir as experiências com ele. E também tinha vontade de saber o que ele estava fazendo…  aí, fui espiar nas coisas dele. Mais um erro. Acompanhei alguns flertes virtuais dele e, por um tempo, achei interessante, divertido… até que soube que ele cogitou me deixar. Desmoronei.

 

Tem que conversar, muito e sempre

Falei que ele estava livre pra ir. Ele não quis, tentou explicar que ficou confuso com a situação, mas que não queria me deixar. Também disse que tinha ficado inseguro em relação a nós dois. Acho que se sentiu preterido. Enfim, foi uma baita confusão!

Depois de muito tempo de conversas e silêncios, acho que entendi algumas coisas importantes:

  • Ele tem o coração monogâmico. Acho que ele nem sabia disso, mas quando se envolveu emocionalmente com outra pessoa, o enorme e bom coração que ele tem, achou, involuntariamente, que ele tinha que escolher apenas uma. E ficou confuso.
  • Ficamos inseguros. Ele pensou que eu tinha perdido o interesse nele, e eu pensei que ele tinha deixado de me amar.

Enfim, ele não soube lidar com o relacionamento aberto e eu não soube perceber isso e conversar com ele.

Depois da crise, resolvemos continuar juntos. A gente se ama muito, se respeita, se admira. Temos um baita relacionamento saudável. E isso foi fundamental para o processo. Ter esse sentimento sólido e forte foi o que nos ajudou a arrumar a bagunça que fizemos.

Mas cancelamos os planos do relacionamento aberto. E não tocamos muito nesse assunto mais. Outro erro, na minha opinião. Porque foi uma experiência que nos ensinou muito sobre nós. Mas ainda temos dificuldade de falar sobre o que aconteceu. Um pouco por mágoa minha. Porque eu compreendi, perdoei, mas não esqueci. E, talvez, ainda por insegurança dele, não sei.

Mas aprendi que uma coisa é fundamental para os relacionamentos abertos (e para os não abertos também): CONVERSA. Mas muuuuita conversa! Muita mesmo! Só assim a coisa pode dar certo. Parece óbvio, mas não é. Os dois têm que saber tudo, inclusive o que o outro tá sentindo. E mesmo que a gente ainda não saiba o que tá sentindo, dividir ajuda a entender…

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