Do que você tem medo?
O casamento ensina muito sobre o que a gente tem que aprender a perdoar na vida, como por exemplo a falta de interesse no dia do outro. Sempre fica alguma coisa: a falta do elogio ao prato preferido, perdoar a falta de espanto positivo nas surpresas que nos custaram o tempo que quase não temos, a pouca grana que nos sobra e muitas vezes, um sentimento quase apagado… Só enxerga quem se doa e dói por inteiro para tentar mudar.
Uma parte sempre sai ilesa, por que quem não tenta não tem chances: nem de fazer dar certo e muito menos de se frustrar, e essa é a parte boa, para quem esta do lado de lá, é claro!
Talvez jamais alguém saiba tanto quanto ela o quanto ele não gosta de abobrinha ou de um prato mal elaborado, e até mesmo das contradições as suas ideias, sejam elas quais forem. Pode ser que só ela saiba o quanto as piadas pseudo intelectuais o irritam, ou o quanto a seleção de legumes que todo mundo costuma adorar o deixa irritado.
E provavelmente, ninguém saberá o quanto ele tem se esforçado para fazer dar certo nessa batalha constante com relação a antipatia dela por sua banda preferida ,a recusa quanto as avelãs no chocolate, e até mesmo sobre como o sol a incomoda.
O que poucos sabem (mas descobrem no caminho) é que amar também é saber sobre os ódios do próximo, ainda que saibamos estar na lista algumas vezes. É aprender a conviver com todas as manias insuportáveis e transforma-las em pequenos fardos leves, é escorregar em conjunto nos pequenos e doloridos deslizes que as curvas da vida pregam sem dó.
Sabe que a gente só se torna grande quando é capaz de ficar imerso nas pequenas agonias do outro, né? No fim das contas as loucuras se combinam e inventam a própria sanidade.
O amor acontece quando a gente aprende a confortar o que também nos dá medo só pra sorrir a dois, sem nos importarmos com o que vem depois do fim do túnel.
