Lidando com as culpas da maternidade

Mãe sente culpa, muita. Noutro artigo eu escrevi sobre isso. Hoje eu vim contar como eu estou lidando com as culpas da maternidade. E já adianto: isso não é um manual, nem tem pretensão de ser. Também não é pra ser lido como um conjunto de conselhos, já que não me considero experiente o suficiente na carreira de mãe para poder dar conselhos. Aliás, vou contar aqui como eu estou lidando com as culpas, mas isso não quer dizer que eu estou fazendo isso bem e nem que estou conseguindo me livrar delas.

A culpa de querer ser eu mesma

Uma das coisas que estou começando a (quase) entender é que ela, a culpa, agora faz parte de mim pra sempre. É como se eu tivesse um novo órgão que não dá pra tirar de mim. Tipo um novo coração, que foi colocado aqui dentro pra me fazer sofrer (e amar) mais.

Outra coisa que tô tentando enfiar na minha cabeça (ainda não consegui totalmente) é que eu preciso continuar sendo eu, já que quando a gente vira mãe, a gente meio que perde a identidade. E é difícil recuperá-la. É um trabalho árduo, que estou tentando fazer aos poucos.

A culpa da escolinha

Me sinto o pior ser humano da terra quando sento no sofá por alguns instantes, enquanto meu filho está na escolinha em tempo integral. Minha cabeça gira e meu cérebro ferve quando penso nisso. Minha garganta cresce de tamanho e sufoca.

Quando saio do trabalho, tenho algumas horas livres, o que me deixa com duas opções:

  • Primeira opção: Saio do trabalho e vou pra casa, ao invés de buscar meu filho na escola. Cuido da casa: limpo, cozinho, e quando dá (raramente) eu descanso. E quando ele chega em casa, tem a mãe dele só pra ele. A gente brinca, faz farra, bagunça a casa de novo. Ele come a comidinha saudável e variada que só deu tempo de fazer porque ele estava na escola. Do contrário iria comer pão mesmo. A roupa dele já ta lavada e guardada, só dar banho e vestir. O banheiro não tá fedendo fralda suja, porque deu tempo de colocar o lixo pra fora.
  • Segunda opção: Saio do trabalho e pego ele na escola, a gente faz passeios e é maravilhoso. E também extremamente cansativo. Aí voltamos pra casa e mamãe tem que correr atrás de um lanche/jantar saudável que é humanamente impossível preparar sozinha com uma criança pequena junto, ainda mais estando cansada, e suja do passeio no parque. Aí a gente desiste e põe a criança na televisão pra dar tempo de, pelo menos, fazer xixi. Aí fico frustrada, cansada… viro péssima companhia pro filho.

Claro que as duas situações se misturam. As vezes fico cansada e frustrada mesmo tendo ido pra casa. Também rola criança na televisão, mesmo com o jantar pronto. E tem os dias que não dá pra cuidar da casa, porque tem coisa na rua pra resolver.

Mas, por enquanto, to achando que a primeira opção é melhor pra mim. Isso mesmo: PRA MIM. Claro que penso no meu filho e no que é melhor pra ele, mas se as coisas não estiverem boas pra mim, não não estarão boas pra ele também. Afinal, mãe equilibrada = filhos equilibrados.

Pelo menos é isso que estou tentando enfiar na minha cabeça, enquanto tranco o monstro da culpa dentro da jaula. Morro de medo dele fugir e me assombrar. E me fazer descobrir, depois, que estava fazendo tudo errado.

Isso me apavora. Mas aí lembro que esse monstrengo agora mora em mim pra sempre e que vai ser uma luta eterna pra não deixar ele me consumir toda.

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