Ler é uma malhação pesada, escrever idem – VEM COMIGO

Você lê quanto, quando, como e o que?

(Sugiro começar lendo esse texto, que não é tão pequeno…)

Escreve alguma coisa além de lista de mercado, mensagem de whats e legenda do Insta?

Sou uma leitora considerada “voraz” para os padrões de aqui e agora. Leio uma média de 1 ou 2 livros por mês, o que acho pouquíssimo, totalizando cerca de 20 livros no ano. Me considero uma leitora bastante lenta, desatenta e de memória ruim, apesar de especialista em Literatura. Sou capaz de passar alguns minutos lendo de forma dispersa, o que me faz voltar algumas páginas por chegar à conclusão de que não entendi nada.

A média de livros lidos por brasileiros num ano não chega a 2 livros e meio, com um terço da população sem ter lido um único livro na vida. Em países como a França esse número anual pode ser cinco vezes maior.

Para simplificar a coisa, em função dos nossos hábitos contemporâneos, nosso cérebro vem ficando mais “midiatizado” e “imagético”, tornando a experiência de leitura mais difícil e desagradável. O nosso dia a dia digital vem atrofiando algumas habilidades de forma a fazer com que, ao pegar um livro pra ler, a gente tenha sono, preguiça, cansaço, coceira, fome, sede, lumbago, bico de papagaio e espinhela caída.

A minha opinião sobre a importância da leitura é bem diferente da que se vê por aí. Gosto de pessoas. Gosto das pessoas sendo diferentes umas das outras e cada uma investindo pesado em bancar ser o que se é (claro, como psicanalista, isso tem um valor incrível). Então a questão central para mim é a seguinte:

A leitura é uma ferramenta muito importante no processo de subjetivação, um recurso fundamental no percurso de se entender quem se é.

Se todos assistem às mesmas séries, aos mesmos filmes, ao mesmo noticiário, viajam para os mesmos destinos e frequentam o mesmo restaurante (academia, cabelereiro, shopping, igreja, redes sociais, etc) todos ficam iguais, e pasteurizados, e desinteressantes, e tediosos, e também entendiados (porque aquele conteúdo não tem a ver com você, tem a ver com o vizinho) e também mais emburrecidos (porque aquilo é confortável, não estimula e nem toca fundo).

Quando cada um vai indo atrás dos seus livros, dos seus autores, do seu tipo de escrito, que parece feito para você, por você, ou que você nunca acharia que gostaria, mas acaba amando sei lá porquê, você percorre um caminho único, frequenta lugares diferentes daqueles que estão à sua volta, vai recolhendo pedacinhos de leitura que você não esquece porque tocaram fundo, e vai se tornando uma pessoa de fato diferente. Do que era antes, do que está em volta. Você viaja toda semana. Você se reedita uma vez no mês. Você entende e aprende a dizer sobre você, sobre o que te compõe, sobre o que faz sentido para você, o que lhe toca.

Há ainda a melhora de como fala sobre o mundo e como expressa seus sentimentos. E você se aprimora como leitor do mundo, como leitor dos signos do mundo. E é por essa razão que:

Leitura e a escrita estão relacionadas de forma visceral. Elas se melhoram mutuamente. Fazem com que eu leia o mundo e fale sobre o mundo de forma fluida e consistente, alinhada com quem sou e com o que acredito.

Então vamos a algumas sugestões para exercitarmos essas habilidades que estão sendo massacradas pela nossa realidade digital netflixada.

Como começar agora o que você já devia ter começado faz tempo:

  1. Entenda que você terá que fazer isso um pouco todo dia. Sempre. 10 minutos diários são suficientes no início;
  2. Comece por algo pequeno. Um livro que tenha subdivisões, capítulos curtos;
  3. Busque assuntos que lhe atraiam, ou pessoas que você admire, ou idéias com as quais se identifique, ou algo que você ache “a maior onda” dizer que está lendo;
  4. Veja o que lhe agrada mais, ou cansa menos: papel ou digital. Para digital, um celular ou tablet podem ser seus aliados;
  5. A escrita pode inicialmente ser vinculada à sua leitura. Por exemplo, escrever um resumo de 2 ou três frases sobre o que leu naquele período, sobre o que achou legal ou o que achou ruim naquela leitura, naquela idéia, no rumo que a história tomou;
  6. Entenda que estímulos espaciais são importantes para você: um café do lado, estar bem sentada, a iluminação (eu, por exemplo, se deitar, já era).

Pessoas que tem um mundo de interesses próprios correndo em paralelo aquilo tudo que é sugerido a todos quando entram nos aplicativos e redes, tendem a ser mais complexas, interessantes e seguras. Texto é certeza de companhia. E para que você tenha companhia dessa turma no Instagram, uma consultoria de quem entende mesmo, sugiro os perfis @bookster, @amarler.abclivros, @livros_e_leitura, @livros.

Ah, e não precisa “ser bom” em nada, ok? Estamos falando de um percurso interno, você sabe de que lugar está saindo. Não espere mais.

 

Your brain prefers paper to e-readers – My Office News

Fonte da imagem: Google

One thought on “Ler é uma malhação pesada, escrever idem – VEM COMIGO

  1. Larissa De giacomo says:

    Estou encantada com o artigo ( eu leio cerca de 10 livros por mês se forem do meu agrado,mas nunca pensei em fazer resenhas e vou começar 💕🤭)

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