Estou sofrendo.
Quando o Pietro nasceu, meu amor por ele era tão grande que eu não queria ele longe de mim. Eu queria sentir ele respirar, ouvir o ar entrando e saindo pelas narinas pequeninas. Eu precisava sentir o calor dele colado no meu corpo pra me sentir mãe.
E cometi um grande erro: coloquei ele entre eu e meu marido.
A princípio era cômodo. Ele resmungava e procurava o peito, bem pertinho e mamava. Eu, exausta pela rotina de ser mãe em tempo integral, achava cômodo. Me satisfazia a necessidade de controle da minha pequena cria.
Nos primeiros 3 meses eu sentia o cansaço mas não deixei ele me abater. Podia cair o mundo, já fiquei sem banho, sem pentear o cabelo e até mesmo passei metade do dia sem escovar os dentes. Eu coloquei minhas necessidades pessoais de lado pra ser apenas mãe. A mãe do meu pequeno Pietro. Deixei de ser a Bárbara e deixei de ser esposa e namorada. Deixei meu marido de lado, meu mundo passou a pertencer a outro homem…
Mas então o vi perdendo roupas e crescendo rápido e eu não poderia controlar. Eu não posso ser tão egoísta a ponto de ter ciúmes de outra pessoa amando e cuidando do meu filho. E minha mãe me disse pra ir ver um filme com o meu marido. Mal me lembro de todas as partes do filme. Eu lembro de olhar o telefone toda hora e de querer sair antes do final por ter recebido uma mensagem do meu pai. E meu marido pediu pra que esperasse por favor pois minha mãe sabia cuidar de um bebê. Me descompensei em uma mensagem. Mas vi que ser a namorada era necessário.
Mas deixei o meu filhotinho dormir entre nós dois. Busquei na Internet pesquisas sobre como a cama compartilhada era bom pra me convencer de que eu só estava dando segurança pra ele quando, na verdade, estava dormindo mal e no controle, sendo a mãe helicóptero que eu não queria ser.
Tentei culpar meu marido. Disse que meu bebê, agora não mais tão pequeno, estava ali pra ter mais contato com o pai que tanto trabalha e fica fora. Que bela egoísta que sou. E o meu marido realmente acha que dormir juntinho é gostoso.
7 meses e comecei a sentir falta de encostar no meu marido durante a noite. Comecei a sentir falta de abraçar e ficar vendo tv junto e de dar as mãos pra dormir, já que essa história de conchinha nunca tinha funcionado entre nós.
Já estávamos nos espremendo no canto da cama pro meu neném usar todo o espaço, encostando o pé pra não ter margem pra ele cair.
Não descansávamos a noite. Dormíamos sem relaxar.
8 meses… e decidi tirar o pequeno da cama. Duas noites sem dormir e fui fraca, senti falta dele e os choros na madrugada estava me enlouquecendo.
Ele fez 9 meses e me decidi: minha cama não é lugar de criança. Vai ser sempre o lugar pra deitar juntinho, de ter carinho, mas não pra dormir.
Coloquei minha camiseta de um lado, uma camiseta do Mike do outro. Peguei a camiseta e usei meu cheiro pra fazer ele dormir no colo, ninando e depois do suspiro do soninho coloquei no berço.
Na primeira vez ele puxou a minha camiseta pro rosto dele e suspirou. E eu chorei.
Desde então estou tendo dificuldades pra dormir.
Hoje, por volta das 4, ele chorou. Levantou da cama, pegou a blusa e sentiu minha falta. Ele chorou sentido. E eu chorei. Peguei no colo e o amamentei. Ele dormiu, coloquei no berço e ele chorou. Coloquei ele na cama, do meu lado e dei de mamar. Ele levantou, até que eu ficasse de barriga pra cima e colocou a cabeça no meu peito. Não contente, subiu em mim, suspirou, me abraçou e dormiu. Deu o suspiro do sono tranquilo.
Meu cheiro e as batidas do meu coração foi o calmante do meu pequenino. E enquanto ele se alimentava, alimentei meu coração.
O meu bebezinho, que amei desde que tinha o tamanho de um grão de feijão (e que tenho a foto na geladeira pra lembrar quando ele era meu e só meu e de mais ninguém), já sobe em mim e tem dificuldade de se arrumar sobre meu corpo pra ficar confortável. Meu bebezinho engatinha pela casa toda reclamando e chamando mama, querendo que eu esteja no seu campo de visão pra que possa brincar em paz.
Ele, que tão pequenino era meu campo de paz, só me quer mais um pouquinho. Ele só quer meu cheiro pra dormir em paz.
E Eu choro. Coloquei ele no berço, com a minha camiseta do lado, ele dorme tranquilo virado pro lado onde eu estaria, enquanto eu estou escrevendo esse texto, chorando, as 4:50 da manhã. Cansada e sofrendo por saber que preciso acostumar ele com a cama dele, mas querendo dar todo o amor do mundo por quanto tempo ele quiser.
Eu descobri que as mães choram quietinhas na noite, tomando atitudes difíceis e necessárias mesmo que doa no peito e que sabem que nunca serão compreendidas.
