Muitos estão cansados de ler este livro que é favorito de 11 entre 10 misses, e apesar de alguns manterem esse livro como uma velha lembrança da infância, muitos têm esse livro vivo, tirando de suas linhas e aquarelas importantes lições impressas até mesmo na pele.
“O Pequeno Príncipe” entrou em Domínio Público há quase 3 anos e as livrarias foram inundadas com edições para todos os gostos e preços.
Sobre edições peculiares
Confesso aqui que duas edições me chamaram atenção pela peculiaridade:
A tradução de Carlos Nougué com comentários da Bíblia, ou seja, o segundo livro mais traduzido do mundo sendo comparado com o primeiro.
E outra feita por outro pensador Dom João Baptista, monge que o lançou junto a uma exposição no Mosteiro de São Bento em São Paulo. Junto aos textos do monge sobre a espiritualidade cristã monástica beneditina há também o texto integral da Rega de São Bento e o próprio livro O Pequeno Príncipe.
Apesar de ter contato apenas com o segundo livro, vamos nos ater ao teor de profunda espiritualidade do livro seguindo de forma modesta a intenção de nos colocar de forma semelhante ao livro do Carlos Nougué com breves referências neotestamentárias.
Você já cuidou de seu planeta hoje?
Seu planeta, pequeno ou grande, é o seu corpo, sua mente, sua alma, sua casa, sua família, seu trabalho ou dever.
Como os monges, “é uma questão de disciplina, me disse mais tarde o principezinho. Quando a gente acaba a higiene da manhã, começa a fazer com cuidado a higiene do planeta. É preciso que a gente se conforme em arrancar regularmente os baobás logo que se distingam das roseiras, com as quais muito se parecem quando pequenos”
Tal como a parábola do joio e do trigo, é importante que possamos nos perguntar:
- Quais são os nossos baobás? E todos os dias arrancar aquelas mudinhas de ervas daninhas que insistem em nascer. Você sabe quais são as suas?
- Quantos vulcões temos a revolver? Revolver algumas coisas em nossas mentes permitirá que não cresçam e inundem nossas vidas. Revolver nossos vulcões é encarar nossos medos mais profundos, nossas más inclinações do presente (vulcão ativo) e do passado (vulcão extinto) de frente e evitar que elas despertem e devastem a nossa pequena rosa. Afinal, mesmo extintos é bom cuidarmos pois “quem é que pode garantir?”.
Reconhecendo os planetas
REI
Vivemos em muitos momentos de nossa vida no planeta do Rei. Parece que na solidão de seu egoísmo, o Rei jamais enxergou as pessoas que habitavam o universo senão como seus servos e súditos. E como identificaremos se estamos a viver no planeta do Rei?
- todos aqueles que demandam a autoridade sobre si
- se alegram por terem suas vontades atendidas como a de um soberano legítimo
- São impacientes com os erros e atitudes dos outros.
- Não enxergam a trave diante de seus olhos e gritam aos quatro cantos sobre o cisco no olho do outro.
- Veem os outros como súditos e usam de coerção, chantagem ou até mesmo uma falsa simpatia para obter vantagens.
“É preciso exigir de cada um o que cada um pode dar”
Quando o Rei recebe a visita do Pequeno Príncipe, aqueles princípios que se assentavam em intenções egoístas passam nos são mostradas com razoabilidade. E o (nosso) Rei vai nos mostrando que devemos saber das limitações de cada um e principalmente acolher as intenções dos outros com boa vontade.
São Francisco de Sales, no livro Filoteia, diz muito sobre desculpar em pensamento os erros alheios.
“Quando começarás a ser indulgente com os outros, começarás a ser severo contigo próprio, pois, em geral, os que a si próprios perdoam com facilidade são rigorosíssimos com os outros. “
Na busca por obter a reverência do Pequeno Príncipe, parece que o Rei consegue encontrar em suas próprias palavras, que ecoavam no silêncio de seu coração solitário, a verdadeira soberania:
“Tu julgarás a ti mesmo, respondeu-lhe o rei. É o mais difícil. É bem mais difícil julgar a si mesmo que julgar os outros. Se consegues julgar-te bem, eis um verdadeiro sábio.”
Cabem-nos olharmos para o íntimo de nosso planeta e enxergar como anda o nosso Rei. Nosso lado soberano está sendo razoável para com os outros? Respeitamos a soberania dos outros ou apenas os enxergamos como súditos? Estamos sendo verdadeiramente sábios e nos julgando severamente?
A propósito, você já recebeu a visita do Pequeno Príncipe em seu planeta?
Nas próximas semanas continuaremos com os outros planetas que também são os nossos.
Parte 2 – Vaidoso, bêbado e o homem de negócios
Parte 3 – Acendedor de lampiões, o geógrafo, o astrônomo e considerações finais.