Como seria uma carta para um grande amor de sua vida? E se essa carta fosse pra você, sobre seu corpo e seu amor próprio?
Auto-estima e amor próprio são assuntos bastante abordados em tempos recentes, assim como saúde mental. No entanto notamos a nós mesmas e aquelas que amamos sucumbindo em cobranças excessivas, comportamentos destrutivos e auto-crítica nas alturas.
Porque não conseguimos olhar para dentro da mesma forma que olhamos aqueles que amamos? Te convido a escrever uma carta direcionada a seu próprio corpo como se escrevesse para um grande amigo e a refletir a quantas anda seu amor próprio.
Eis a minha:
Quando eu te tratei bem você sempre respondeu prontamente. E quando te tratei mal você segurou as pontas e teve paciência. Quando te olhei com desprezo e rejeição, você não me abandonou e nem fraquejou. Se eu causasse mal a você, acabava colocando a responsabilidade nas suas costas. Como se eu não tivesse tomado as decisões que faziam eu não te amar. Aliás, você me amou incondicionalmente e eu te rejeitei mesmo diante da sua fidelidade.
E então tento te olhar com olhos mais dóceis e apreciar tudo o que você tem feito por mim e você segue reagindo, responsivo. Tem marcas irreversíveis em você, muitas causadas por mim. Defeitos inexoráveis, fraquezas latentes. Mas elas, assim como a força, a agilidade e a destreza, contam as histórias que você viveu, que nós compartilhamos. Contam como nós chegamos até aqui. E agora que eu prometo te amar, te enxergar como de fato é e olhar seus defeitos como parte de uma linda construção, eu consigo até mesmo te ouvir. Você sempre conversou comigo, mas eu não confiava em mim mesma pra poder te escutar. Eu conquistei parte dessa confiança e lutarei pra que ela só e para que nossa relação seja cada vez mais estreita e sua voz cada vez mais ouvida.
A você, meu corpo, meu muito obrigada pela paciência. Por ter se mantido forte e me proporcionado qualquer coisa que eu me propusesse a fazer. mesmo quando eu só conseguia te odiar. Que comece uma relação nova, que eu ainda estou descobrindo, mas na qual estou mergulhando mais profundamente a cada dia.
