Criando coisas – experimentando Kombucha

Até hoje eu me pergunto qual a razão pela qual não enveredei para uma carreira envolvendo Biologia. Gosto demais de tudo que é vivo, seja gente, bicho ou planta.

O mistério das células, dos genes, desse universo em miniatura é algo que me encanta sobremaneira.

Não tendo escolhido trabalhar na área, acabei me contentando com o fato de viver cercada das minhas criações. Quando criança, além de cachorros, pássaros, galinhas, codornas e patos, eu também tive criaturas menos convencionais, como besouros, lagartas de bicho-da-seda e até lagartixas.

Sempre me senti atraída por seres que botam ovos. Até hoje gosto de admirar seus diversos formatos, cores e tamanhos. Foi assim, inclusive, que fiquei admirada quando vi pela primeira vez os ovinhos brancos e redondinhos das lagartixas. Aos meus sete anos eu simplesmente não fazia ideia de que aquele pequeno réptil era capaz de botar ovos.

Passei assim a guardar todos que encontrava na casa dos meus avós paternos, cuidadosamente dispostos sobre algodão, dentro de uma caixinha de papel, até que um dia, ao abri-la, tive a surpresa de encontrar várias minúsculas lagartixas. Aquilo tudo me soava como uma mágica incrível, o que hoje sei ser um milagre, o milagre da vida.

Certa vez ganhei pequenos besouros pretos, os quais se alimentavam de amendoim e que, segundo diziam, produziam uma substância benéfica ao ser ingerida. Nunca tive coragem de comprovar a teoria, mas os criei por muitos meses, apenas para poder observá-los no vidro em que ficavam comendo o dia todo e se transformando de larva em besouro.

Muitos outros besouros e bichos foram objeto das minhas observações e admiração. Tive tartarugas, jabutis, hamisters e até uma rã, a Zoraide. Ao crescer, ao contrário do que talvez minha família pudesse imaginar, continuei sendo a mesma curiosa, com a diferença de que agora eu tenho autonomia para criar tudo aquilo que puder dar conta de cuidar, sem ter que pedir autorização a ninguém. Ou seja, com um imenso potencial para fazer loucuras, rs.

Experimentando kombucha

Assim, dia desses, quando um vizinho me perguntou se eu conhecia kombucha, respondi que não, sem saber do que se tratava. Depois que ele me explicou o que era, lembrei-me de que minha mãe já tinha cultivado isso há muitos anos. Confesso que na época, embora me encantasse olhar aquele bicho, não fazia ideia para o que servia.

Em verdade, ainda não estou certa de que se trata de um bicho, mas sei que é um ser vivo que, parecido com um ser de outro mundo ou uma imensa bolacha viva, da cor de caramelo, é capaz de, uma vez alimentada com uma mistura de chá e açúcar, produzir uma bebida fermentada e saborosa, repleta de propriedades benéficas ao organismo.

Descobri que não se pode comprar kombucha, mas que se deve ganhá-lo. Não faço, inclusive, a menor ideia do porquê dessa proibição, mas diante da promessa de que eu ganharia uma “muda”(?), não descansei até colocar minhas mãos nela.

E foi assim que agreguei mais um ser vivo aqui em casa.

Como cultivar

O cultivo do kombucha deve ser feito seguindo diversas etapas e muitos cuidados. Há a necessidade de um tipo de chá, que deve ser o preto ou o verde, bem como a água, que deve ser filtrada ou mineral e daí por diante. Depois de uns quinze dias, nesses tempos de frio, minha primeira leva da bebida deverá estar pronta, mas, mais do que isso, a primeira filha da minha “criatura” também deve ter se formado e, para ser honesta, muito mais espero por isso do que propriamente para tomar a bebida.

Dicas de consumo

Descobri que ela pode ser incrementada com ingredientes como gengibre e frutas, tornando-se uma bebida assemelhada a um refrigerante. As possibilidades são muitas, assim como os benefícios alardeados para saúde. Gostei de beber o kombuchá, mas gostei ainda mais da oportunidade de criar esses seres com cara de alienígenas.

Acho incrível a diversidade da vida e as coisas legais que há nesse mundo para serem descobertas, observadas, admiradas. Por isso também tenho abelhas e minhocas, bem como estou aberta a outras coisas vivas e legais que quiserem compartilhar comigo. Como alguém já disse por aí, a vida é muito curta para ser pequena, para ser menos, para ser rasa e sem graça.

Fico eu aqui pensando no que mais ainda terei a chance de ver nascer, crescer e se reproduzir. Há tanta vida nesse mundo, tantos mistérios a descobrir, uma imensidão de vida a viver, que é realmente uma pena que, para muita gente, a vida, humana, animal ou vegetal, não tenha importância alguma…

Cinthya Nunes – cinthyanvs@gmail.com

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