Carta aberta ao meu vizinho que quer me matar

Carta aberta ao meu vizinho que quer me matar

Querido vizinho, você nem sabe meu nome (eu acho) e mesmo morando 3 anos na mesma rua nos falamos no máximo 2 vezes, mas nos últimos dias eu acredito que você quer me matar, nada pessoal, mas estou com essa certeza.

Eu e meu marido já não saímos muito de casa, trabalho, almoço, tudo que dá, fazemos de casa, você, como todos outros vizinhos, já deve ter se perguntado o que fazemos para ganhar dinheiro, muitas vezes você olha com essa cara de indignação pra mim, “como essa menina vive se fica o dia todo em casa”, pois bem, trabalhamos com mkt digital, social média, criação de sites, marcas, programação, mas essa carta não é sobre isso.

Você, nessa quarentena, tem saído todos os dias para andar de bicicleta, mesmo sendo idoso, fica quase o dia todo na rua sem máscara, gritando que não pega “essa doença” pois é imune e tem histórico de atleta igual ao presidente que você também grita o nome algumas vezes por dia.

Querido vizinho, você passa a poucos metros do meu quintal, da minha varanda, tosse e anda na calçada aqui de casa sem nenhuma proteção, eu que tenho asma, amamento, tenho 2 filhos pequenos, estou achando que você quer me matar.

A sua falta de empatia, de pensar no outro, que esse outro talvez não seja um atleta ou não tenha votado igual você para ficar imune, me faz realmente pensar que você quer me matar.

Eu que saio de casa só quando não tenho opção, uso máscara, tomo quase um banho de álcool quando volto pra casa, posso ser morta pela sua falta de solidariedade.

Espero que tudo isso passe logo, que você não queira que eu morra e que você continue saudável até a quarentena acabar, ah e fica em casa.

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