NOVAS PERCEPÇÕES ACERCA DA PRESENÇA HUMANA

Family call

A pandemia nos trouxe a certeza de que teremos que nos acostumar a algumas coisas… mas somos bons nisso. Nos últimos tempos, antes da pandemia, tanto os que moram nos grandes centros quanto os que moram em localidades menores se adaptaram a muitas modernizações. Novas formas de fazer algumas atividades, novos equipamentos, processos…

Mas há algo que, até então, era insubstituível: a presença humana.

Veio a pandemia.

As escolas tiveram que se virar na distância. Professores dando aula para uma tela ou um buraco de câmera. Alunos tendo que prestar atenção na tela, num professor chapado, em 2D.

As empresas tiveram que se organizar com o trabalho remoto, confiando e apostando na produtividade dos colaboradores à distância.

Famílias tiveram que se sentir próximas através das videochamadas, mesmo que à distância.

No meu caso, como psicanalista, uma grande quantidade de analisantes que passou a ser atendida virtualmente e outros tantos que chegaram para mim sem nunca termos nos visto pessoalmente.

Mas como estamos sentindo essas distâncias? Essa presença virtual?

Estamos de fato adaptados? Estamos nos adaptando?

Nós temos duas direções a tomar em relação a tudo isso:

  1. Resistir, falar “não é a mesma coisa, ainda bem que tudo voltará logo ao normal”.
  2. Começar a tirar proveito desse formato também, sem ficar órfão de muita coisa.

Se a sua opção é a 1, então é só deixar rolar. Aposta na fé, insiste que nada muda e pronto.

Se sua opção for a 2, então há um trabalho interno de ampliação de percepções e de movimentação de parâmetros e paradigmas que antes funcionavam de um jeito e agora precisam ser remodelados.

Um abraço é insubstituível? Sim. E um beijo? Idem. E uma intimidade bem caprichada, ao vivo e a cores? Um sonho.

Mas se a gente continuar com altos padrões de exigência em relação à presença humana, corremos o risco de ter muito prejuízo emocional, nos sentirmos sozinhos, desajustados, desesperançosos, sem sorte.

Essa é a missão da humanidade agora? Se virar na distância, no isolamento, no virtual, e mesmo assim continuar produtivo, desejante, interessado e interessante? Então temos que ajustar nossos “KPIs”. Ajustar nossas expectativas em relação aos outros, às instituições, ao mundo e a nós mesmos.

Pegar leve na expectativa, redimensionar os parâmetros, dar uma chance a coisas e percepções novas.

Vai que…

PS1: Nos residenciais de idosos em todo o mundo, já passou a hora de terem organizadamente os contatos dos familiares, umas boas telas de projeção, bons fones, recursos para que a gente, numa situação dessa, possa se ver, se comunicar. Estamos nesse momento apartados dos idosos porque eles mesmos têm dificuldades que operar equipamentos tecnológicos. As instituições deveriam se ocupar disso de forma sistemática.

PS2: Vou rever “Ela” com o Joaquim Phoenix. Já assistiram? Ok, nesse filme fala-se sobre relação com máquina, mas também de novos parâmetros, solidão, carência e tecnologia. E vou reler “Ensaio sobre a cegueira” também. E talvez veja o filme, que nunca vi. Comentários?

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Imagem: google.com

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