Câncer x Suicídio | Setembro Amarelo

Queria escrever sobre câncer x suicídio mas achei melhor não mexer com uma coisa que precisaria de muita pesquisa e se não fosse bem feita poderia causar polêmica. Dei uma “googlada” e alguns sites falam que o número é grande, outros falam que esse número não, enfim, não vou pisar em terreno que desconheço.

O que posso falar são de experiências vividas, o que já não é pouco!

Os casos de suicídio de pessoas com câncer que acompanhei (sempre pela mídia) foram casos assistidos. Perdi algumas pessoas conhecidas que, quando se deixaram levar pela depressão abandonaram a luta, coisa que é super comum de acontecer pq é bem cansativo física e psicologicamente. Mas quero falar sobre uma coisa que aconteceu nas redes sociais.

No dia da morte do ator Robin Williams, que se suicidou em 2014, estava no twitter e como o assunto era esse foi inevitável tocar no tema.

Eu estava no auge do meu tratamento e enquanto as pessoas davam seus pitacos sobre depressão, suicídio e afins eu fiz um tweet:

“Tive câncer e nunca pensei na morte, amiga que tinha uma vida aparentemente perfeita se matou. As dores da alma são mais fortes do que do corpo”.

A repercussão foi tão grande que um dia descobri que era tema de um grupo no facebook, vi minha carinha estampada em vários posts de pessoas que nunca vi na vida e até hoje, 3 anos depois, esse tweet  vira e mexe aparece. Na época muita gente me procurou falando que teve câncer e depressão e que lidar com o segundo foi bem mais difícil que com o primeiro.

Diante de tudo isso eu fiquei pensando o quanto as pessoas tem dificuldade de tocar no assunto. É preciso alguém de fora falar para que a gente se identifique. Me chamou atenção também como a parte que eu falo que nunca pensei na morte mesmo tendo câncer chocou algumas pessoas que esperam que esse seja o primeiro pensamento que alguém que esteja nessa situação tenha.

Não sei se tem a ver com a sociedade com raízes cristãs que tem o sofrimento físico como ponto máximo do sofrimento humano mas ainda é muito comum (infelizmente) esse tipo de comparação onde quem está sofrendo fisicamente requer mais atenção e cuidados sendo que nem sempre é isso que acontece. Sou tratada como guerreira, coisa que não vejo com pessoas que superaram depressão.

É preciso falar muito sim sobre depressão, sobre sucidio e todos os outros males causados  por essa doença.

O depressivo ainda é vítima de preconceito aos olhos de pessoas que as veem como mimados, fracos e outros adjetivos que só que quem nunca sofreu com doenças desse tipo e não tem a menor empatia é capaz de julgar.

 

 

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