5 Coisas que aprendi expondo em uma feira

 

No fim de semana passado, eu e meu companheiro fomos expor nossos produtos em uma feira independente. Nós temos um pequeno atelier de artesanatos diversos, que começou  como meio de exercitar nossas habilidades e quem sabe ganhar algum dinheiro com isso, já que ambos estávamos desempregados e bem desiludidos com a situação do mercado de trabalho.

Fato é que logo uma coisa leva a outra. E através de grupos e contatos diversos, surgiu nossa primeira oportunidade de feira.

O que nós não esperávamos é que essa experiência seria tão rica ao ponto de extrapolar a esfera do lucro financeiro e das vendas em si.

Por isso, decidi contar para vocês sobre 5 coisas que aprendi expondo em uma feira.

Ser feirante é trabalhoso

A feira na qual participamos foi das 9h às 17h. Porém, percebemos que por trás dessas oito horas, tivemos mais umas tantas selecionando os produtos que levaríamos, pensando em como transportar tudo (de ônibus!!! ) , dando retoques finais e preparando nossos lanches para levar. Chegando na feira, tivemos também todo o procedimento de organização do stand. Assim como no final, para deixar tudo da forma que encontramos.

Mas a sensação é de que o esforço tem um sabor diferente, assim como o cansaço que bate. Talvez sejam sintomas de uma autonomia que não se tem em empregos convencionais. Empregos esses que muitas vezes nos deixam, ao final do dia, com a sensação de que nosso tempo precioso foi sugado por atividades que não fazem sentido nenhum em nossas vidas.

Cooperar é preciso

Alguns feirantes vão expor sozinhos, sem nenhuma companhia para revezar no stand ao longo do dia. E nesses casos é comum perceber, aqui e ali, um colega pedindo a outro para dar uma olhada nas coisas enquanto vai ao banheiro ou comer algo. Inclusive nós, que fomos em casal, em alguns momentos contamos com a ajuda de outras pessoas, desconhecidas até então. Seja para carregar uma mesa pesada ou para dar uma olhada em nossas coisas por um instante, contar com o outro e estar a disposição é essencial.

Se for olhar, as feiras independentes só acontecem tendo a cooperação como base de tudo. A grosso modo, essas feiras são a  mobilização de pessoas com o interesse de expor, que rateiam entre si os custos do local e estrutura. Fora isso, é preciso também cooperação para que se encontre um denominador comum quanto aos detalhes do evento, como decoração, produtos e data ideais.

O próprio trabalho tem valor e é múltiplo

Como eu disse acima, muitas vezes nossos empregos convencionais são uma mera forma de sobrevivência. Muitas vezes a saída que precisamos buscar. Assim, nos dedicamos durante a jornada de trabalho a cumprir nossas funções, mas em geral presos nas mesmas rotinas e ao mesmo salário ao fim do mês. Sendo que o lucro e o enriquecimento estão direcionados ao bolso de um sujeito que muitas vezes sequer está presente no local.

O trabalho do artesão e, consequentemente, o do expositor é de presença em cada etapa.

E de etapa em etapa, uma mesma pessoa encarna os mais diversos papéis. Eu sou designer enquanto planejo meus colares e cestos, sou crocheteira e confeccionista ao fazê-los tomarem forma. Sou vendedora, expositora e feirante em outros momentos. Conversando e analisando os contextos em meu entorno até me arrisco como socióloga.

Ao final disso tudo, o dinheiro que eu ganhar é fruto direto de meu trabalho.

É arriscado

Nem tudo são rosas. Iniciar é difícil pelo fator financeiro e é preciso persistir corretamente para obter bons resultados. Não há garantia nenhuma de que o negócio irá vingar. Assim como é preciso ter em mente que feiras independentes tem custos, assim como a produção em si, pois é preciso investir em materiais para confeccionar as peças.

Mas no cenário atual, quais tem sido nossas certezas financeiras, não é?

De qualquer forma, haverá gente apoiando e gente achando que é perda de tempo. Gente questionando o tempo todo se a gente poderá viver só disso, e quando.

O lado bom é que ir em feiras é uma ótima forma de recarregar os ânimos e ver, pessoalmente, mais pessoas gerando renda fora de escritórios e do ponto diário.

O cliente é um universo à parte

Assim como o artesão que produz. Entender e ouvir o que ele tem a dizer não é apenas sobre vender mais. Ouvir é sempre olhar pela janela o mundo do outro, mas quando se trata de um possível cliente, é olhar e refletir:

– Como o que eu faço pode tornar o mundo desse outro mais agradável?

Convido você, artesão, a expor seus produtos também. Se permitir criar e espalhar sua arte onde for possível. Pois aos poucos e com persistência, as coisas podem muito bem se encaixar. Aproveito também para convidar a todos para comprar do pequeno produtor, comprar de quem faz. Girar a economia local e beneficiar quem está buscando um caminho alternativo em um mundo dominado por grandes grupos e corporações que aos poucos, com seus produtos, nos tornam uma massa homogênea, quase sem vontade e gostos próprios.

Fica também o convite para conhecerem nosso trabalho: Luz Áurea Atelier

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