Trabalhando com Prazer | Minha história

Trabalhando com prazer

Nem estou falando de fazer só que ama fazer, mas ser recompensado por isso, muito mais do que um salário na conta, ou um vale alimentação, eu não consigo viver sem poder ver os frutos do meu trabalho e dizer: Olha lá, eu que fiz…”

Minha história

Pela primeira vez vou contar uma história minha por aqui, sempre falo da vida e de casos engraçados, mas essa é um pouco da minha vida.

Meus sonhos sempre foram: Crescer e empreender!

Não importava como, onde, em qual seguimento, no meu primeiro emprego como panfleteira de uma escola de informática, eu planejava terceirizar a panfletagem para ganhar um lucro em cima de cada panfleteiro que eu tivesse. Vou confessar que até cheguei a contratar uma, mas com os R$ 300,00/ mês que eu ganhava, ficava difícil ter um colaborador feliz repassando uma miséria que não dava nem para a coxinha e o refri do dia. Naquele tempo R$ 300,00 era quase bom viu!

Mas fiquei nessa empresa por longos 6 anos, de indas e vindas claro, brigava com o chefe e saia, trabalhava um mês na concorrência só para fazer raiva e voltava depois. Eu cresci muito lá dentro, entrei como panfleteira, passei por todos os cargos até ser coordenadora da escola, mas passei também pelo cargo de mala direta, que é aquela menina que cola selos nas cartas e vai nos correios postar convites para os clientes conhecerem a escola e se matricularem, OK, não era difícil, mas também não me dava prazer!

Depois desses 6 anos, morando sozinha, juntando um dinheirinho, e fazendo muitos planos, eu tinha 19 anos e 70 mil reais! Caaaaracas, que sucesso!

Na verdade não, uma parte desse dinheiro o banco que me deu, com suaves parcelas para a vida toda, mas isso não importava. Eu queria mesmo era uma escola só minha!

Foi isso que eu fiz, com muitos contatos que fiz nesses anos, um conhecido meu estava vendendo uma nova escola, eu amei e comprei logo de cara. O meu rico dinheirinho não dava nem para começar a brincadeira, então meu amigo banco me ajudou, com a garantia do meu carro e quase avaliando meus órgãos para ver se valiam alguma coisa.

Em 5 meses a escola estava lá. Eu era a diretora mais nova de toda a história, 20 anos e uma das maiores escolas da rede, equipe de funcionários contratada, um Silvio Santos Cover na porta cheia de bexigas e assim começava tudo que eu imaginava!

Em 9 meses o sonho acabou, sem dinheiro para fazer um negócio sustentável, o negócio acabou antes mesmo de começar a dar lucro. Os funcionários ficavam com todo o valor, em salários, o que sobrava ia para o aluguel imenso do ótimo ponto do lado do metrô, e era isso. Eu já estava almoçando na minha avó só para ter o que comer mesmo.

Vendi todos os móveis e minha cadeira de diretora cara e branca que eu quis tanto!

Não, eu não fiquei rica de novo, na verdade, no dia que a escola fechou, eu tinha na minha conta R$ 3,41 e esse era todo o meu dinheiro. Só a multa para sair do prédio que eu tinha foi de 12 mil reais, é a conta não fechou mesmo!

Com a venda dos móveis eu não fiquei rica não, pelo contrário, vendi tudo por R$ 20.000,00.

Com esse dinheiro eu fui para casa e fiquei sentada no sofá por cerca de um mês inteiro, eu quase não me mexia mais!

Sozinha, um filho de 1 ano e sem nada, 20 mil reais para viver o resto da vida. Esse era o pensamento.

Depois dessa saga de 30 dias sem lavar uma louça, tomando maus banhos e cuidando só do básico do meu filho que era alimentação e maus banhos também, resolvi fazer alguma coisa antes que os dias fossem embora junto com o meu dinheiro.

Parte 2 | Novo negócio

Eu já não tinha mais o mesmo dinheiro da primeira vez, e nem nome para pedir ao amigo banco, esse como todos os outros sumiram de uma forma espantosa!

Eu só sabia mesmo trabalhar com uma coisa e mais nada, fora isso, eu era um gênio em pintar meus cabelos ruivos com uma tinta loira e ficar bom (não é loucura não, na minha época ser ruiva era motivo de piada na escola), então eu só sabia fazer umas contas e cuidar do cabelo.

Levantei e fui procurar um ponto bem bacaninha para abrir a minha perfumaria e salão de beleza. Quem ia trabalhar lá? Eu ué!

Eu sabia fazer cabelos, não, mas isso era um detalhe, o que importava agora era parar de dar salsicha para o meu filho e fazer alguma coisa mais na vida do que marcar o sofá com a minha bunda.

Achei o ponto, uma amiga (essa ainda existia), me ajudou com a decoração e me ensinou como ter uma loja, afinal ela já tinha tido uma perfumaria antes.

Tudo ficou lindo e maravilhoso, resolvi começar só com a perfumaria e o salão foi surgindo aos poucos lá dentro.

Como eu fiz o meu primeiro corte, bom essa é a história mais hilária do mundo.

Uma cliente chegou no salão com um cabelo passando da bunda e me pediu um corte, respondi na hora que sim! Coloquei ela na cadeira, lavei os cabelos dela, depois de pentear, eu disse “Só as pontinhas certo?” E ela respondeu, não eu quero aquele Channel que é mas curto atrás e maior na frente.

Eu achei que não precisava de nenhum curso, então eu não tinha feito nenhum, quase desmaiei e taquei a tesoura naquele cabelão já pensando em correr no final.

Para a minha surpresa ficou ótimo!

Depois disso eu era uma cabeleireira fantástica meu amor. E nessa eu fiquei por quase 2 anos. Eu estava feliz, mas o movimento foi caindo a ponto de não pagar mais o aluguel. Bom, o final vocês já imaginam…

Fali pela segunda vez!

Fui para casa certa de que nunca mais iria ter nada meu, mandei 1 milhão de currículos e arrumei um emprego CLT mais uma vez.

Trabalhei com Marketing, Trade Marketing e tudo que isso possa envolver pelos últimos bons anos, e ai voltamos no começo da história.

Mesmo tendo um emprego fixo, a dor de cabeça não passa

Mesmo sabendo que todo dia 5 o salário vai estar ali na conta, mesmo sabendo que se você trabalhar mais ou menos, não vai importar tanto assim, a dor de cabeça não passa, fica sempre ai, com alguma preocupação e aquela pontadinha de dúvida.

Estou mesmo trabalhando com prazer?

Nem estou falando de fazer só que ama fazer, mas ser recompensado por isso, muito mais do que um salário na conta, ou um vale alimentação, eu não consigo viver sem poder ver os frutos do meu trabalho e dizer: Olha lá, eu que fiz!

Em uma empresa, a menos que você esteja sozinho nela, seu trabalho nunca é o começo, meio e fim da coisa, sempre você se estressa com alguém, briga por uma ideia, ou perde a paciência por motivos que não seriam tão seus assim.

Nesses últimos anos de trabalho CLT, eu pude ver que as empresas não dão responsabilidades para seus funcionários o suficiente para que eles tomem esse projeto para si, e realmente vivam aquilo como uma coisa única.

A pessoa é paga para vigiar a outra pessoa que aperta um botão.

Me diz então, qual dessas pessoas não pode ser trocada do dia para a noite? Qual delas vai ser lembrada pelo lindo trabalho que fez?

Trabalhar é muito mais do que isso.

Trabalhar é deixar um legado, seja para seus filhos, para seus amigos, para toda a sociedade. É ser lembrado por aquilo por mais tempo que possa durar a sua vida!

Trabalhando com prazer

Hoje eu trabalho com prazer, pode ser que não seja a coisa mais rentável do mundo (por enquanto), mas todos os meus créditos são divididos com a pessoa que eu mais amo no mundo, o meu marido.

Trabalhamos por nossas causas, com a nossa cara, nossas responsabilidades e esse será o nosso legado!

A nossa vista é ótima, temos tempo para almoçar em casa, cuidar do nosso filho, ir na biblioteca a tarde e tomar um sol se quisermos no topo do nosso prédio, nossos gatos tem sempre carinho quando passam e aqui as ideias combinam e fluem naturalmente. Eu escuto James Brown quando eu quero e ninguém me chama durante a música.

A qualidade de vida é prioridade, o dinheiro… claro que é prioridade também, estamos na busca sempre de mais, quem não quer ser um milionário? Eu ainda quero, tenho a vida toda para isso ainda, e o melhor dessa história toda… Só depende de nós agora!

vista da nossa janela

 

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