Por todo amor de Francisco – o amor pelos animais

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Por todo amor de Francisco – o amor pelos animais

Considero que sempre fui alguém crente em Deus. Impossível, aos meus olhos, olhar esse mundo e não reconhece-Lo. Em tudo que vive, há um tanto de Deus, do Criador. Infelizmente muitas pessoas perderam a capacidade de olhar para o mundo com olhos de admiração, perdidos em dores que não desejaram ou procuraram, ou cegos pelas pequenezas de tempos de consumo inconsciente e auto justificável.

Assim, embora eu creia, não sou exatamente uma pessoa religiosa. Há tempos deixei minha fé restrita aos meus atos e minhas orações. Confesso que não sou exatamente fã da religião institucionalizada. Contudo, fui criada basicamente sob os parâmetros do catolicismo e, assim, desde cedo conheci as histórias de alguns homens e mulheres que receberam o nome de Santos. E foi assim que eu conheci a história de São Francisco de Assis…

Foi empatia à primeira vista e à primeira leitura. Para mim, só a devoção e o respeito pelos animais já seria o suficiente, dispensando qualquer milagre. Ainda na infância, aprendi a oração de São Francisco e, dentro da compreensão que me era dado ter, desejava viver sob aquelas premissas. Hoje, adulta, embora saiba que nem sempre é fácil fazê-lo, reverencio ainda mais tais mandamentos, tais proposituras para vida.

O amor de São Francisco pelos animais, longe de qualquer outra coisa, serve-me de inspiração para a concretização de um mundo melhor para tudo o que vive. Não sou uma especialista e nem uma estudiosa da vida do Santo, mas gosto de pensar nele como ser humano, dono de um amor generoso e imenso. Assim como ele, tenho acompanhado as lutas e as ações de homens e mulheres que dedicam esforços, dinheiro, amor e tempo para transformar a infeliz realidade que alcança e condena tantos animais. Incansáveis, seguem fazendo seu trabalho de formigas, salvando vidas e redimindo parte da maldade humana.

Como escrevi no início desse texto, se creio em Deus pelo que vejo do mundo, fica bem difícil, olhando para o mesmo lugar, não crer no Mal. Tristemente, o mesmo Mal que vitima seres humanos inocentes, vitima os sempre inocentes animais. Particularmente, todo Mal que vejo feito aos animais e às crianças corta minha alma em mil pedaços e tira parte da minha esperança de que o Bem prevaleça.

Nessa semana vi uma notícia de uma gambá que apareceu em um condomínio. Sem dó ou piedade, as pessoas a atacaram a pauladas e a deixaram agonizando, à beira da morte, ao relento. Uma pessoa que não era ignorante e vil como os demais, comovida, recolheu o pobre animal e descobriu que era uma fêmea e que carregava 8 filhotes na sua bolsa, marsupial que é.

Sem forças para se mexer, o animal deitou-se de barriga para baixo, protegendo os filhotes do frio. Relutante, a mãezinha apenas deixou que os filhotes fossem retira-los dela quando se deu conta de que não estava novamente à mercê da maldade. Cambaleante, foi até o colo daquela que tentou, de todas as forma, salvá-la, e lá entregou a Deus as forças que lhe sobravam. Morreu tentando proteger os filhos, como qualquer mãe que se preze e muito melhor do que muitas mães humanas.

Os filhotes foram entregues à Polícia Ambiental e tudo que espero é que possam ter alguma chance de vida, de uma vida mais digna do que aquela que os humanos relegaram à mãe deles. Nessas horas, sinto-me inútil, incapaz de fazer a minha parte, para somar uma gota às forças do Bem. Dói em mim a impotência de não ser exemplo, de não ser ação, de não honrar, como acho que deveria, o nome do Santo que tanto me inspirou e inspira…

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