O Estupro | Depoimento de uma menina de 12 anos

depoimento sobre estupro

Esse depoimento sobre estupro pode não ser confortável para todas as pessoas.

Eu estudava em um horário estranho, 2001 era o ano, as escolas faziam horários das 11 às 15hs e depois das 15 às 19hs, e esse horário da tarde era o meu. Eu podia dormir até tarde e almoçar em casa antes de ir para a aula, minha mãe é separada do meu pai desde que eu tinha 9 anos, ela começou a namorar agora com um cara que trabalha no nosso prédio, ela trabalha em uma clinica, quer ser enfermeira e passa horários malucos lá, plantões, curso, enfim, muito tempo longe de casa, de vez em quando o namorado dela que trabalha aqui vem dar uma olhada para saber se está tudo bem, ele é um cara legal.

Desde a separação da minha mãe ela ficou muito mal, eu não fui uma boa filha desde então também, eu era a menina modelo da escola, participava e ganhava todos os concursos de matemática e sempre fui a primeira aluna da escola, só em artes que eu não ia muito bem, mas isso era o de menos. De uns tempos pra cá, cresci bem depressa, com 1.60cm sou a mais alta da minha turma e também tenho que usar sutiã, minha calça sempre fica folgada na cintura e apertada nas pernas, ninguém pensou em fazer calças de meninas com corpo de mulher não?

Passei toda essa transformação antes das minhas amigas, e comecei a paquerar os meninos também, ficar de conversa com as meninas mais velha durante as aulas e minhas notas e comportamento caíram absurdamente, nada que fosse um crime, mas eu não era mais a filha que minha mãe sempre sonhou.

Meu pai, por conta da separação difícil passou o primeiro ano completamente distante, acho que vir me ver e ter que encarar a minha mãe não é algo que ele queira fazer, mas aos poucos ele começou a vir me ver, não conversávamos muito, ele sempre me trazia algum presente e me levava para passear no final de semana, eu gosto disso.

Essa sou eu, 12 anos e vivendo…

Minha mãe foi trabalhar em um dos plantões e o namorado dela está aqui no nosso apartamento, ele tem ficado aqui de vez em quando, nos comemos, ele brinca muito comigo, sempre brincadeiras de lutinha, como ele é baixinho e gordinho, as vezes eu ganho dele.

Meu quarto virou de uma menina rebelde, eu escrevi em toda a parede, fora a cama e o computador, meu pai fez prateleiras e um espelho que eu consigo me ver de corpo inteiro.

Eu tinha um batom nas mãos, estava experimentando a cor dele na boca me preparando para ir para a escola, meu padrasto estava comigo e começamos a brincar de lutinha, eu passei o batom no rosto dele todo, ele pegou de mim e passou no meu rosto de novo, começamos a lutar pelo batom, eu segurava firme na minha mão e ele me segurava por trás e fazia força para pegar o batom de mim.

Eu não sabia o que estava acontecendo, para mim é uma luta pelo batom, com uma das mãos ele abaixou a minha calça de uniforme por trás, a luta pelo batom continuou, eu fingi que não tinha percebido e ele fingiu que não tinha feito nada, eu não vi ele abrindo a calça dele, mas ela estava assim. Com um pouco de força que parecia que era da luta pelo batom ele se colocou dentro de mim, eu continuei fingindo que não sabia o que estava acontecendo, decidi fingir que nada estava acontecendo e continuei a brigar pelo batom, nossa luta durou apenas alguns minutos, eu não podia e não queria olhar no espelho que estava na minha frente, mas eu sabia que ele olhava.

Depois que ele soltou o batom e disse que não queria mais brincar, eu puxei a minha calça que nem estava tão abaixada assim, limpei meu rosto de batom sujo da brincadeira e fui para a escola a pé que ficava cerca de 10 minutos da minha casa.

Eu não falei nada, ninguém perguntou nada, o dia foi normal, eu passei o dia na escola e voltei para casa como em qualquer outro dia, jantei e dormi.

Com 12 anos, eu não sabia mesmo o que tinha acontecido, tive uma ideia, mas não tinha certeza. Não senti dor como eu via no jornal, não sangrei como nos filmes e não vi nada, então, segui pensando que nada tinha acontecido, ninguém me perguntou, então eu não contei.

 

Esse é o meu depoimento, hoje eu tenho 27 anos. Eu contei para a minha mãe mais tarde naquele ano, ela não acreditou em mim, eu acabei indo morar com a minha tia, ninguém mais ficou sabendo disso. Ele continua namorando com a minha mãe, pelo menos é o que eu acho, eu tirei eles da minha vida faz alguns anos. Fora o meu caso, fiquei sabendo de outra vítima no mesmo prédio, uma menina de 9 anos. Ele está livre, e provavelmente feliz.

 

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *