Quando minhas amigas diziam aquele ditado “longe dos olhos, longe do coração” eu acreditava que era assim mesmo que funcionaria. Mas meu bem,os reencontros ainda são os maiores problemas da minha vida. Como prever reencontrar alguém que nos faz perder os sentidos? As cócegas que meus beijos te fazem sentir nunca se compararão as que você me causa aqui do lado de dentro. Esse arrepio de dentro pra fora que me atormenta e traz calmaria. Tudo ao mesmo tempo. Ainda é o mesmo tormento de não saber se te evito ou se dou risada e curto o momento.
Acabei descobrindo que algo ainda vive aqui quando passei a usufruir do horário de almoço com coisas que ainda me fazem lembrar você. Procuro raças de gatos, discos, escalações famosas por dar certo no seu time que eu nem gosto, mas acabo decorando para fingir que entendo de ataque ou defesa… A questão é que você me tirou da reserva. Me fez acreditar que o “para sempre” nunca esteve tão cessado como achávamos. Por fim, mudamos… Mudei o jeito de prender o cabelo e você o modo de segurar o copo. Mudei o perfume e a cor preferida da camiseta para dormir. Você já tem outras tatuagens, mas ainda toma leite com Nescau todos os dias antes de dormir. De qualquer modo, o que eu queria dizer é que embora o tempo tenha passado para nós ainda somos os mesmos. O cheiro da pele não muda. Temos manias que carregaremos por toda a vida mesmo que não estejamos perto o suficiente durante algum tempo. Ainda saberemos coisas sobre nós que outros jamais saberão.
O amor é a dádiva de nos encontrarmos no tempo. É simples como dividir um copo ou fone de ouvido e um pouco complexo como dividir lençóis amarrotados e fronhas saindo do travesseiro. É difícil como a decisão de ir ou ficar em um momento que não se tem uma direção exata ou um plano de fuga minimamente traçado. É querer ser telhado para proteger e janela para simplesmente acenar na partida e rezar para que chegue a hora de voltar. Voltar para o nós. Voltar para mim.Somos um lar.
