“Mulher do fim do mundo”| Um poema sobre resistência

Em um certo momento eu quis não me importar,
eu quis não lembrar o nome, quis me desapegar.
Eu quis sentir assim “que nem todo mundo”.
Eu quis não ligar a noite pra conversar,
eu quis te apagar depois de transar,
eu quis não chorar.

Até perceber que não,
o vazio não diminuía.
Que a indiferença alimenta um buraco infindo em direção à anulação.
Que por mais que eu finja ser você,
na minha pele as cicatrizes do seu desamor
desmentem a ilusão.

Então eu quis ter voz,
pra você me escutar.
Eu quis me olhar no espelho
e enxergar o quão bom é existir onde se está.
Fiz me gente,
pessoa que sente e que tem um lugar.
Mas pra você…
sempre foi difícil me olhar.
Sempre foi difícil aceitar que o vazio era seu
e o meu choro era transbordar.
E se tinha vontade de me apagar pra não te “ofuscar”,
dizia que o brilho nos MEUS olhos eram por te olhar.

Sem mais espaço pra me esburacar,
você foi.
Eu disse vá!
Preencheu a solidão com vivências amargas
e tentou novamente me converncer de que a dor era amar.
Com seu jeito manso,
de brisa que antecede furacão.
A covardia de quem fere
ao ouvir um não.
Arrombou as portas de minha casa
sem nem pedir pra entrar.
Ahhh mas como Elza me ensinou a lutar…
com água fervendo eu gritei :
Eu sou inteira e não pretendo me esvaziar!

 

-Duda Xavier

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