Meu PAIrasita

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No meu caso é o PAIrasita, mas vale mãe, vale irmão, ou qualquer relação próxima. Não nascemos para andar sozinhos, isso é de conhecimento comum. Mas até que ponto vale manter uma relação onde além de não te acrescentar, ainda te impede SE acrescentar? Pior ainda é quando também te diminui. Faz toda sua luta ter sido atoa. Esse é o meu PAIrasita.

PAIrasita – Pra ler ouvindo “Had a Dad”,de Jane’s Addiction, se der. Se não, só lê

Meu PAIrasita é um cara nascido nos anos 50. Não chegou a completar o ensino fundamental. Casou já com seus quase 30. E não fez mais nada na vida além de trabalhar. Nada mesmo.  Mesmo morando junto, ele não fez parte do crescimento dos filhos. Ele não fez grandes viagens. Ele não levou a esposa para comer fora. Ele nunca se animou para comemorar seu aniversário, nem da esposa, nem dos filhos. Ele nunca conseguiu terminar a construção da sua casa. Ele sempre estava trabalhando. Ele ganhou muito dinheiro e gastou muito dinheiro. Até hoje me pergunto onde.

Minha mãe tem um salário modesto, menos de um quarto do salário do meu PAIrasita. E ainda assim, ela tantas vezes precisou emprestar dinheiro a ele. E ele nunca pagou. Acho que a culpa é dela por não aprender com a história. Mas também sei o quanto ele consegue ser persuasivo quando precisa de algo. Drama e desespero são sua especialidade. Eu também já caí nessa umas duas ou três vezes. Depois disso lacrei minha carteira para ele, e no máximo ajudo com aquilo que for necessário na casa deles. Somente produtos ou contas de consumo pagas, dinheiro nunca mais.

Durante algum tempo eu acreditei que isso seria o suficiente para não ser “sugada” por ele. Ledo engano. Só esses dias percebi que parasitagem psicológica dele é muito mais perigosa que a financeira. Ele tem a capacidade de minguar suas esperanças, desmoronar seus planos e te fazer ter certeza que você não é capaz. Acho que ele deve ter algo de Dementador no sangue.

Para o mundo ele é um cara risonho, piadista. Um fofo também. Perdia as contas de quantas vezes ouvi “Seu pai é tão bonzinho”. Em casa é grosso, estúpido, grita, ofende, magoa, reprime e oprime. E destruiu todas as tentativas que minha mãe fez não estar ao seu controle, de evoluir de sonhar. E se pergunta o motivo dela quere uma vida melhor? Um absurdo na visão dele, já que ela tem um teto (caindo aos pedaços), ela tem um marido (que não a valoriza).

Enquanto eu morava com eles, vivia sob o mesmo transe de estar infeliz e não ter direito de sonhar, não ter o direito de lutar por melhoras. Há algum tempo saí, e agora luto para dar condições a ela de sair também. Luto contra o mundo que não é fácil, contra o dinheiro que demora a vir. Mas a luta realmente grande é contra meu PAIrasita, que torce para que tudo dê errado. E dá um empurrãozinho nisso sempre que tem oportunidade.

Eu penso que cada um escolhe a vida que deseja levar, e aceita as consequências. Eu não desejo a vida dele. Eu quero trabalhar muito sim, mas quero viajar, jantar, ver meus filhos, ter minha casa como eu penso que ela deve ser. Quero que minha mulher esteja feliz. Quero que meus filhos se sintam amados. Quero que eles saibam que eu sempre serei um bom porto para seus barquinhos, mas que eu nunca os prenderia com uma corda. Porque quero que eles naveguem além dos mares que eu conheci. Que eles possam reformar e aumentar seus barcos sempre. Mesmo que isso implique em não caber mais em meu pequeno porto. Eu quero que sejam grandes, confiantes e fortes. Pelo menos isso meu PAIrasita me ensinou… a não ser

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