Hipocrisia – Eu quero uma pra viver!

Arte nos torna imorais, ou somos imorais e a arte nos reflete?

O que duas exposições de arte, uma em São Paulo e outra em Porto Alegre, têm em comum? Ambas despertaram a ânsia assassina por lutas vazias de grupos tidos como conservadores de direita (Leia-se MBL).

A Exposição de Porto Alegre foi acusada de apologia à pedofilia, racismo, desrespeito religioso, zoofilia e em moral da moral e bons costumes de ninguém foi antecipadamente fechada.

A mostra de arte de São Paulo contava com uma única apresentação, com aviso de nudez na entrada, uma mulher e sua filha entraram, em determinado momento a menina tocou os pés do artista, a interação com o publico era prevista, porém a criança não participava da peça, estava ali como expectadora e acompanhada de responsável. Abaixo assinados, protestos públicos e online, e até processo foram iniciados contra o Museu de Arte Moderna, pedindo inclusive o fechamento permanente do museu, acusando a instituição de pedofilia, e exposição de menor a ato libidinoso.

  • Curioso é ver o MBL envolvido nesses protestos, ao invés de vê-los protestar pedindo a cassação do mandato de Aécio Neves, afastado pela segunda vez este ano de seu cargo por denuncias de corrupção e obstrução da justiça.
  • Curioso é ver essas mesmas pessoas fecharem os olhos para as roupas vendidas para meninas em lojas populares, pouco comprimento, transparência, decotes, sapatos de salto, sutiãs com enchimento e isso se encontra inclusive na seção até 4 anos de idade.
  • Curioso é ver muitas dessas pessoas colocarem musicas de teor duvidoso para crianças pequenas dançarem. Já fui em festa, que o aniversariante comemorava 3 anos ao som de Quadradinho de 8.
  • Curioso são as centenas de casos regulares de pedofilia e abuso sexual nas igrejas e ninguém falar em fechar esses templos.
  • Curioso é ver essa demonização da nudez em peças artísticas, que passaram por curadoria, direção de museu, captação de investidores, enquanto a Globeleza aparece a cada trinta minutos na TV, anúncios de cerveja mostram mulheres seminuas e as pessoas se comportam como animais nos Réveillons praieiros.
  • Curioso é ninguém perguntar se existe algum motivo pra criança não querer beijar o tio ou o amigo do pai.

Podemos considerar as exposições apelativas e até mesmo de mau gosto? Claro! Eu não levaria minhas filhas em nenhuma delas sem ter ido antes e saber como explicar o que ela possa vir a ver em qualquer uma delas, os livros que dou eu leio antes para ter certeza que, de acordo com meus padrões, o conteúdo é adequado.

Quando saiu o primeiro filme Ted no cinema, aquele TeddyBear que se droga e leva uma vida promiscua, um deputado ignorou a classificação indicativa e levou o filho pequeno para assistir, afinal, na cabeça dele, era só um ursinho fofinho. O deputado saiu do cinema querendo proibir a exibição do filme no Brasil. Mas o erro foi dele, em não respeitar a classificação indicativa, em não pesquisar a obra antes de levar o filho. O mesmo se aplica à exposição.

Acha que a sociedade precisa se impor contra essas exibições? Peça ao museu que proíba a entrada de menores quando o tema da exposição ou apresentação envolver nudez, sexo ou palavrões. Agora, num país que tanto falta cultura, que reclamamos do conteúdo televisivo, da falta de parques, da falta de segurança publica e de ensino de qualidade, pedir pra fechar um MUSEU é hipócrita quando tantas outras coisas são mais danosas. Cadê a manifestação contra a prefeitura de SP por marcar as mãos de crianças para que as mesmas não repitam merenda? Criança ser impedida de comer quando tem fome não ofende a moralidade?

Todos temos direito de achar ofensivo o que aconteceu, mas museu que não faz pensar, que não choca e só tem quadro do Romero Brito não é museu.

Todo esse auê é tão coerente quanto protestar contra a corrupção no Brasil usando camiseta da CBF enquanto a babá empurra o carrinho das crianças.

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