“Queria ser mais eu, mas só vai dar no dia que eu tiver meu canto e pagar minhas contas.”

“Sei lá, agora não dá“ 

Será que agora não dá mesmo ?

Entra dia, sai dia. Semanas, meses e anos. Mas o que queremos fazer, tantas vezes é empurrado para um depois que nunca chega.

É fato que alguns desejos são passageiros, outros realmente não temos meios de realizar no momento. Mas na maioria das vezes nós esperamos pelas condições ideais para que possamos cogitar realizar esses desejos. O problema é que as condições ideais muitas vezes não chegam. Nós buscamos sempre mais e insatisfeitos, não enxergamos nossos privilégios. Não enxergamos também, tantas vezes, nosso potencial criador e nossa força interna para seguir em frente atrás daquilo que ainda não temos como realizar.

O medo do ridículo

O sofá do comodismo (aquele que até já se moldou ao formato do corpo) é quentinho e confortável até que comece a te deixar todo dolorido e sem posição para estar.

Então, tentando caber em um personagem idealizado vamos nos distorcendo, acreditando que essa situação é provisória e logo teremos um lugar para ser livremente.

A sensação dominante é que certas coisas não cabem neste momento.

Mas esquecemos facilmente que essas tais coisas , podem não ser meras coisas, mas sim traços únicos de nossas personalidades e modos de expressão.

E que ridículo mesmo é gastar a própria energia para alimentar algo, um modo de ser, que não nos alimenta.

O olhar do outro pode ser o seu

As vezes acreditamos que estamos sendo julgados por todos os outros, mas muitas vezes é o nosso próprio olhar que encaramos nesses momentos.

Assim, a aceitação é primeiramente interna e pessoal . Só depois entram em cena os olhares alheios. Digo isso pois sei que se me aceito com naturalidade e tenho clareza sobre minha natureza, personalidade e gostos, esse olhar alheio tende a não ter tanto peso. Já o contrário é impossível, pois muitas vezes mesmo estando em conformidade com N padrões , meu próprio olhar sobre mim me fez sentir estranha e inadequada em tantos momentos.

Fica esperto, não vai dar tempo

Não é minha intenção fazer apologia a uma vida inconsequente. O que estou dizendo é que existem tantas pequenas coisas que deixamos para depois, que adiamos eternamente. E na verdade elas não são pequenas. São relevantes e cheias de pistas sobre quem nós realmente somos. E nos tempos de hoje, em que somos bombardeados de todo tipo de informação, já é tão difícil saber do que realmente gostamos …
Quando assustar vai estar dizendo a si mesmo que está velho demais para essas coisas, ou até mesmo se lamentando por não ter mais tempo para realizar tudo isso.

Por isso, vá realizar. Vá se realizar !

Não sou uma fã de carteirinha da Pitty, mas só consigo concluir este texto com um de seus versos:

O importante é ser você

Mesmo que seja estranho, seja você

Mesmo que seja bizarro, bizarro, bizarro