É preciso falar o que é a Beyoncé

Aos meus 11 anos escutei pela primeira vez Independent Woman.
Três mulheres negras na TV cantando, femininas, lindas e elegantes.
E eu só conseguia entender o significado de Mulheres Independentes, da letra, que me fez enlouquecer um tanto, e virar fã só de cara.
Não fazia ideia do que era sororidade, feminismo, misoginia entre outras coisas, mas eu sabia que ali tinha algo de diferente e eu queria ser um pouco do que elas representavam para mim.
Destiny’s Child se separaram e eu continuei a amar Queen Bey.
Quando fui ao show pela também 1ª vez fiquei extasiada com a quantidade de mulheres no palco dançando no mesmo ritmo, era impossível não me emocionar. Pela 2ª vez fui ao show e tive o mesmo sentimento da 1ª, e logo percebi que aquilo não ia acabar.
Soube de feminismo com todas as letras de Beyoncé.
Aprendi o que era sororidade com a banda The Suga Mamas e todas as dançarinas no palco.
Com a letra Survivor, eu soube o que é empoderamento, com a quantidade de independência e realizações pessoais retratada nos versos, encorajando as mulheres a valorizar – se em suas posições de trabalho.
Entendi mais sobre o tratamento da polícia dado a comunidade negra com Formation.
Não sabia que representatividade importava, mas eu sabia que uma artista negra, americana em plena ascensão onde eu não tinha exemplos como tal na tv brasileira, ali atrás da tela ela fazia total diferença para mim.
Uma sucessão de indiretas, ao machismo, ao amor incorrespondido, a cor da pele, inseguranças, posicionamento, e a todos os tipos de preconceito.

É preciso falar de Beyoncé…
Quando eu vi suas turnês, entendi o porquê de ela ser uma artista inacessível aquele deslumbre que podemos só ver no palco. Tudo que ela faz é completamente ajustado, as câmeras, os dançarinos, a coreografia. Vi vídeos dela ensaiando no corredor do hotel durante a madrugada para que os fãs não tivessem apenas um show e sim um espetáculo. Não tinha como não amar, uma mulher que dialoga com as todas as outras trazendo jogo de palavras de protestos, contando sobre si mesma nas letras e exaltando as mulheres em todos os sentidos.
Okay, ladies, now let’s get in formation..
Ainda como tudo não fosse pouco ela faz história sendo a 1ª mulher negra a cantar no Coachella.
Investiu em colocar todos da banda como universitários das faculdades historicamente negras dos Estados Unidos que eram separados por sexo e cor da pele no estilo fanfarra.
Fez tributo a Nina Simone e Malcom X.
Cantou com as Destiny’s Child.
Fez referências aos panteras negras e a Deusa do Egito Nefertiti.
E antes de mais nada cantou para o ex – presidente do EUA Barack Obama.
Acho que desde seu álbum Lemonade, até hoje esse foi seu trabalho mais ousado, no quanto ela abraça a identidade negra, força uma conversa sobre ativismo, arte, gênero e raça.
Ela não é só uma cantora ela faz uma performance de peso que nos faz refletir, reconhecer e celebrar a cultura negra.
Beyoncé não é show é espetáculo e referência.

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