Prosa da minha vida

Me lembro de festas que fui, 3, 4 ou mais, lugares que já fui mas nunca estive lá, sentada na varanda de uma casa que sozinha eu jamais conseguiria pagar, tenho medo de que alguns anos eu também perceba que eu não estive realmente aqui. Tento me lembrar de uma música mas minha cabeça gira e eu não consigo sair do lugar. Torcendo para o cigarro não acabar e me empurrar para um outro momento em que eu não quero ir, olho para o colar em meu pescoço e não lembro como foi que eu cheguei aqui.

Ah às vezes a gente só precisa é gritar, sair do comum, ser taxada de anormal e fazer o que precisar, cantarolar uma prosa que inventamos só para nos sentirmos melhor, pensar em tomar um remédio que cure o dia a dia pesado que se arrasta sob nós.

Ah às vezes a gente só precisa é falar, expressar os sentimentos, com os dedos, com o corpo e com a voz, queria cantar ritmos populares e me fazer entender em 1 verso ou 2, mas na cabeça sonetos difíceis e frases subentendidas que nem eu sei decifrar.

Ah às vezes a gente precisa descansar, não pensar em nada pra pensar em tudo depois, deixar o depois para depois mesmo que a gente sabote esse depois também. O tempo vai passando e não sei como explicar o que se passa dentro de uma cabeça que não para de girar.

Torcendo para o cigarro não apagar, vejo o final da rua e penso se já andei por ali, minha memória falha como meu coração já falhou, e parou, não consigo me lembrar de coisas que sei que são importantes, mas não sei bem o que são. Eu só queria era gritar.

 

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