Pais Heróis – Quando Robin se acha o Batman

Pais Heróis

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É dia dos pais, e continuamos a exaltar o homem que ajuda como o maior herói de todos os tempos. Colocamos Robin no patamar de Batman e dizemos que homens que apoiam são tão fodas quanto as mulheres que suportam tudo e no dias das mães ganham pano de prato.

É certo que esse pai que ajuda já é mais do que a maioria dos nossos pais e avós foram, nossos antepassados eram apenas os pais que sustentam, os pais que assumem. Houve um tempo em que carregar o nome do pai do documento já era uma vitória. Vitória amarga e com gosto de derrota já que ao menos 5,5 milhões de crianças brasileiras não possuem o nome dos seus pais no registro.

Fomos bombardeados nas ultimas semanas de textos à lá “Parem o Rodrigo Hilbert”, afinal ele cozinha, limpa, tricota, cuida dos filhos, blá, blá, blá…Ele é um homão da porra!

Como ele mesmo diz: Não faz mais do que sua obrigação!

Mas Rodrigo vem sendo exaltado por coisas que mulheres fazem diariamente, há gerações, com o carimbo social de que: Este é o seu lugar! Nenhuma mulher recebe o prêmio mulherão da porra por trabalhar fora e ainda manter casa arrumada, filhos cuidados, vaidade em dia e por fazer a lasanha mais gostosa do mundo aos domingos. Mulheres são apenas mulheres.

Mas homem não, homem tem que pedir biscoito porque depois de gerações de opressão aprendeu a colocar a cueca suja no cesto e levar o filho no parquinho.

Reconheço a mudança que a atual geração de pais tem promovido. É legal ver questionarem os bilhetes de escola direcionados às mães. É legal ver a insistência em ser reconhecido como parte da nova família nas maternidades. É legal todo o movimento por guarda compartilhada e trocadores nos banheiros masculinos ou em espaços neutros.

É legal. Mesmo. É lindo.

Queria eu a mesma festa que fazem, por essas coisas que fazem parte do cotidiano de toda mulher passarem a fazer parte do universo masculino, quando uma mulher conquista uma alta posição num mercado de trabalho essencialmente masculino. Queria ver homens brigando com a Nike e a CBF por camisetas da seleção brasileira de futebol feminino em tamanhos masculinos também.

Mas cada dia que um homem percebe que o pinto não cai por lavar a louça temos milhares de mulheres ainda hostilizadas em suas capacidades e potencialidades.

E vejo dia após dia crescerem os textos sobre o que as mulheres podem fazer para que os homens assumam mais responsabilidades em casa e com os filhos. Vejo mulheres responsabilizando outras mulheres pois ao que parece, são elas que não dão espaço para eles serem mais participativos.

Porque até pra criatura aprender a ser pai são as mulheres que tem de ensinar. Nasce uma mulher, nasce uma mãe, eles dizem. Ao que parece uma mãe de dois filhos: O bebê e o pai do bebê que precisa receber o beabá de como assumir as próprias responsabilidades. Em breve, se é que já não existe, vão escrever o manual de ‘Como ensinar o pai dos seus filhos a ser pai’. E de certo será um Best-Seller, com todas suas dicas de delegue responsabilidades, compre para ele livros sobre os cuidados do bebê.

Apenas parem de jogar mais uma responsabilidade nos ombros das mulheres e cobrem deles que leiam: O que esperar quando se está esperando – Cobrem deles que façam cursos sobre como trocar fraldas e como reconhecer o choro do bebê.

E por favor, parem de jogar confete pra homem que apenas cumpre a responsabilidade que lhe foi incumbida pelo espermatozoide campeão.

No mais, para todos os homens que cumprem seu papel e sabem que não merecem nenhum prêmio Nobel por isso: Um FELIZ DIA DOS PAIS.

 

 

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