Depressão: de que tamanho é a dor?

Depressão: de que tamanho é a dor?

Depressão: de que tamanho é a dor?

Gosto de dados estatísticos. Desde criança observo dados publicados pelo IBGE, e, se uma matéria possui muitos dados, ela prende minha atenção imediatamente. As estatísticas a seguir são surpreendentes. Nunca imaginei que 322 milhões pessoas no mundo são afetadas pela depressão, segundo dados divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS). No Brasil, de acordo com OMS, 5,8% da população sofre com esse problema, que afeta um total de 11,5 milhões de brasileiros. Somos o país com maior prevalência de depressão da América Latina.
Em 2016, virei estatística. Após o fim de um casamento que durou 14 anos, todas as incertezas e situações novas em uma rotina em que tudo se encaixa bem, fui entristecendo. Essa tristeza agigantou-se e me encobriu com sua sombra. A cada dia me sentia menor e, quando passei a não querer existir, decidi que deveria buscar ajuda profissional e encarar o que o médico sugerisse.

Parecia um milagre. O Venlaxin, cujo o princípio ativo é a venlaxina, trouxe de volta a normalidade e foi além: fiquei com mais energia, mais decidida, mais falante, mais divertida… Um comprimidinho mágico, em sua dose mais forte, restabeleceu a funcionalidade. E eu? Como me sentia com vigor.

Foram meses de muita agitação em minha vida. Decidi restaurar móveis, pintar paredes, entrei no Tinder, saí com 12 pessoas. Parecia tudo divertido. Eu me sentia no controle. No entanto, crises depressivas, sem nenhum motivo aparente começaram a surgir. Não conseguia compreender. Fui a um psiquiatra, depois a outro, e o que ouvi sempre foi: “continue com a medicação. Isso é transitório”.

No mês passado, após 11 meses tomando o medicamento, as crises aumentaram a ponto de inviabilizar minha rotina. Não conseguia sair da cama. Trabalhar passou a ser desesperador. Uma luta para ter foco, uma batalha para iniciar qualquer atividade. Vieram as noites insones, os pensamentos ruins, o desejo de não viver. Certo dia minha dor era tão profunda que quis morrer para não sentir mais aquilo. Mentalmente montei toda a cena: “fui até a cozinha, peguei uma faca e a cravei em meu peito”. Parecia mais fácil que aguentar aquela dor. Levantei-me e, no trajeto, tive a lucidez de que o meu desejo era decorrente do estado depressivo. Liguei para uma pessoa que amo muito e confio e pedi a ela que me levasse ao hospital. Ela me salvou.

Após essas crises, procurei um médico que tivesse um perfil mais adequado ao meu caso. Um médico que me ouvisse, que compreendesse o que estava acontecendo comigo, em vez de apenas medicar, como estava acontecendo. Depois de muita conversa e todo o meu relato, saí do consultório com um diagnóstico – dois outros médicos o confirmaram posteriormente. O que foi dito a mim (não de maneira tão leiga) é que o antidepressivo trouxe à superfície a bipolaridade latente.

Estou assustada. É normal estar. Tenho 44 anos, vivo sozinha e agora tenho um diagnóstico de bipolaridade. Li muito a respeito e tenho adotado novos hábitos e estilo de vida para mitigar episódios de mania ou de depressão.
Meu relato tem a intenção de dizer a você, leitor, que a dor sentida pelo depressivo toma todos os órgãos do corpo e que, para quem a sente, a morte é vislumbre de alívio. Se você em algum momento presenciar isso, seja o aconchego de que a pessoa precisa. Você salvará uma vida.

 

One thought on “Depressão: de que tamanho é a dor?

  1. Vania says:

    Princípios para um relacionamento sem stress:
    . Devemos amar em primeiro lugar a nós mesmos, seja quem for, até mesmo ao nosso cônjuge.
    . No relacionamento não anular a sua personalidade.
    . Não ser totalmente dependente do seu companheiro, nem financeiramente, nem emocionalmente.
    . O equilíbrio é a melhor maneira de encarar os problemas advindos. Faço do equilíbrio o sexto sentido da vida.
    . Certamente recomendo Deus no centro da vida.
    Desejo que você consiga vencer estas dificuldades.

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