Violência contra a mulher durante o parto

Violência contra a mulher durante o parto

Conversando com meu marido esses dias, percebi que no nascimento do nosso primeiro filho, eu sofri todos os tipos de Violência contra a mulher durante o parto, tive o meu parto roubado, pularam na minha barriga para o bebê “descer”, a minha placenta foi arrancada por uma enfermeira, a anestesia foi dada errado, fiquei amarrada na cama, e fui deixada sozinha na sala de parto depois que o bebê nasceu.

Parto Roubado

Com apenas 19 anos, a gente não sabe muito da vida, ou pelo menos, não tudo que hoje, 9 anos depois eu sei, então, se tivessem me soltado no mato, eu teria tido meu filho lá, e quem sabe teria sido melhor.

Já nas primeiras consultas com o médico do pré natal, ele me diagnosticou com pré eclampsia, que se resume a pressão alta durante a gestação e pode trazer problemas na hora do parto.

Segundo o médico, com a pré eclampsia eu teria que escolher entre uma cesárea onde eu e meu bebê viveríamos, ou um parto normal, onde somente 1 de nós saíria vivo.

Claro que minha escolha foi a cesárea, era a única opção viável que eu tinha, e mesmo consultando uma segunda opnião depois, o medo de ter que escolher entre viver e deixar meu bebê viver me assombrava, então, cesárea marcada!

Não tive a opção de escolher como eu iria querer o parto, muito menos o dia ou as semanas, o médico marcou para um plantão dele no hospital, assim ele aproveitava e já fazia tudo em um dia só, sem precisar ir 2x na semana para o hospital, e como a agenda dele estava cheia nas próximas semanas, ele decidiu que 37 semanas era um prazo bom para meu filho nascer.

Pois assim foi, dia 26 de julho de 2009, o médico decidiu o aniversário do meu filho, leonino por essência, ele chegou por volta das 10 horas da manhã, o médico preferiu de manhã!

Violência no parto

Assim que o médico decidiu que esse seria o dia do meu parto, ele marcou a hora, me deu todas as informações e cheguei lá como orientado.

7 horas da manhã eu estava pronta, na porta do hospital, já sabendo que só sairia dalí com o meu bebê no colo.

Depois de ficar esperando, passar pelo pré parto, o médico “desocupou” e fomos para a sala de parto, ele pediu que eu fosse na cadeira de rodas, para que o pessoal do hospital não desconfiasse que era combinado, e assim eu fui. Empurrada por não sei quem, para a sala da anestesia.

Morrendo de medo das histórias sobre a anestesia da cesárea, o anestesista chega reclamando:

3 dias já que estou aqui de plantão, não consegui nem ir pra casa!

Nem respondi e só obedecia ele, ficando na posição horrenda para tomar a tal raquidiana!

Em 3 segundos ele aplicou, nem olhou direito, não avisou, só aplicou.

Eu que morria de medo, fui deitando devagar, toda “dura”, quando ele olhou pra mim e perguntou:

O que aconteceu, por que você está assim?

Eu só respondi que tinham me falado para não mexer a cabeça, pois tinha o perigo da anestesia subir para o cérebro e eu ficar louca.

Ele riu, pegou a minha cabeça, que já estava deitada e balançou ela de um lado para o outro, dizendo que isso era mentira e que não estava acontecendo nada.

A anestesia pegou e me colocaram a sonda da urina, eu parei de sentir meu corpo, meus braços e meu peito, nem o meu rosto eu sentia mais, vendo isso, me amarraram na maca, com os braços abertos e um cinto no peito, achei que era para a minha segurança.

O parto começou

Um dreno de sangue passava pelo meu rosto e era a unica coisa que eu via, o meu sangue sendo drenado, o som da sala estava ligado, eu não escutava muita coisa, só uma música, devia ser para me acalmar.

Depois de cortar todas as camadas de pele, o médico grita que o bebê está muito para cima, então eu começo a sentir meu corpo sendo empurrado, um enfermeiro pula na minha barriga para que o bebê desça e o médico consiga tirar ele, as vezes deve ser por ele só ter 37 semanas que ele estava tão “alto” assim, mas eu não sou médica, então…

O médico olha para o relógio e fala a hora do nascimento, eu não escuto.

Meu filho é mostrado rapidamente, mas eu não tenho expressão, não consigo, estou anestesiada!

O médico, anestesista, auxiliares e toda a equipe saem da sala com o bebê, eu fico ali, achando que era isso mesmo, não sabia se estava bem, se era normal, só fiquei ali. Uma enfermeira chegou, arrancou a placenta sem falar comigo, deu os pontos e ela sozinha me colocou em outra maca com rodinhas, enquanto ela fez isso, derrubou a minha perna em cima do meu corpo, ela não estava conseguindo me passar para a outra maca.

Depois de conseguir, fui para o pós parto, fiquei lá cerca de 6 horas, sozinha, tremendo para voltar da anestesia e sozinha.

Quando cheguei no quarto, as visitas já estavam acontecendo, todo mundo conheceu meu filho antes de mim, viram o primeiro banho, e quando eu cheguei, tive que ficar com ele e as visitas junto.

O meu parto foi roubado, agora não!

Dessa vez não! De novo não! Essa gestação que vivo agora é minha e o do meu marido, queremos plano de parto escrito e respeitado, queremos que a vida corra natural como ela é, ninguém vai nos roubar isso, não dessa vez!

Nenhum direito deve ser desrespeitado, nenhum direito deveria ser roubado, e vou brigar por todos eles os 9 meses, as 40, 41, 42 semanas, ou o tempo que meu bebê precisar.

 

A saga completa da minha fase de tentante, você consegue ler aqui!

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