A ideia de se sobressair em algo ronda os desejos de muita gente.
Não são poucos aqueles que dedicam uma vida a se tornarem referência em algo.
Ainda assim, apesar de toda a pluralidade inerente ao ser humano, reduzimos o caminho para o conhecimento a apenas um: O caminho científico. Ele que aparece, face à sociedade, como o divisor de águas entre a ignorância e a elevação. Dessa forma, quando pensamos em alguém referência em determinado assunto, logo associamos essa condição a muito estudo formal, universidades, cursos e intercâmbios.
Mas será que é assim mesmo?
A palavra ‘’referência’’ sempre me remeteu a algo preciso, quase cirúrgico e acima de tudo profissional. Sendo assim, eu sabia bem o peso que tal palavra continha. Sabia que por trás de uma pessoa referência só poderia haver bastante sacrifício, investimento e muitos anos de pesquisa e engajamento nas melhores instituições.
Só que se for parar para pensar, são poucos aqueles que detêm essas condições privilegiadas. Se for parar para pensar mais um pouco, o saber cientifico embora essencial, não resume todo o saber humano.
Onde a ciência não chega
Um cientista social com toda sua bagagem teórico-científica, em uma comunidade seja ela qual for, não será mais referência que um indivíduo engajado na vida local e inserido nas dinâmicas sociais desse lugar.
Algumas coisas escapam à métrica da ciência.
Existe arte para além dos artistas. Existe poesia para além dos poetas.
Assim como existem pessoas longe dos holofotes criando e recriando seus saberes. Aprendendo na vida cotidiana, nas experiências das quais podem dispor e que muitas vezes não custam um tostão.
Quem poderá dizer que um curso tem, necessariamente, mais valor do que o que se aprende na lida com os outros, nas paixões que se tem e no que se faz só por hobbie?
O que quero dizer é: Existe saber para além das universidades. E esse saber é extremamente rico. É essencial para a constituição de uma identidade pessoal e até mesmo coletiva.
A referencia que você poderia ser
O caminho do conhecimento científico muitas vezes não leva em consideração as peculiaridades do sujeito.
A referência que você poderia ser é em algo que você ama e talvez não valorize por acreditar que não lhe traria retorno financeiro.
Eu sei que o dinheiro é necessário, que infelizmente muito da vida gira em torno dele. Mas até que ponto sua vida tem sido vivida por você se tudo aquilo que é seu fica para depois?
Muitas vezes, ao abraçar as próprias peculiaridades, descobrimos um mundo de possibilidades para além das que tanto ensaiamos por acharmos mais adequadas.
Eu sei que nasci e eu sei que morrerei
O que há entre essas duas coisas, é meu
Eu sou meuPearl Jam.