Quando criança eu achava que…

A infância é – e deve ser! – um terreno fértil para a imaginação. Como hoje é o Dia das Crianças, nada melhor que resgatar aquelas pérolas que acreditávamos quando a gente não entendia nada nem um pouco direito.

 

Um GRANDE ator

“Eu achava que ‘Grande Elenco’ era uma pessoa, igual tinha o Grande Otelo. E era uma pessoa bem requisitada, porque em todas as propagandas de filmes estava ele: Fulano, Beltrano, Ciclano e… Grande Elenco”. (Samuel Rato)

Animais: um universo paralelo

“Achava que cachorro que vacina anti-raiva era pro cachorro não ficar bravo de repente”. (Silvia Piccolo)
“Eu achava que antirrábica era para tirar o rabo do cão”. (Juliana Mori)
“Achava que ‘patinho’ era realmente carne de pato neném e ficava muito triste”. (Rafaela Viana)
“Meu irmão ficou sem tomar leite uma semana quando descobriu que a fonte não era o saquinho” (Cristiane Tada)

Samuel Rato e Juliana Mori 

Televisão e rádio era algo difícil de explicar

“Uma vez eu perguntei pra minha mãe como os artistas da Globo eram ricos se a gente não pagava para assistir eles. Como se explica publicidade para uma criança? Minha mãe disse que a gente pagava na conta de luz. Acreditei nisso por um bom tempo”. (Camila Oliveira)
“Toda vez que acabava a novela com alguma cena impactante, tipo o cara toca a campainha para dar uma notícia, o meu avô falava: ‘Agora acabou, o cara vai ficar até amanhã parado na porta para dar a notícia’. E eu achava que era verdade, e no dia seguinte ficava com dó do cara ter ficado 24 horas em pé na porta”. (Pâmela Lima)
“E eu achava que todos os personagens de desenhos eram pessoas fantasiadas”. (Pâmela Lima)
“Eu achava que tudo que tocava no rádio era ao vivo, então cada música, para mim, a banda estava lá no estúdio tocando… Me sentia muito privilegiada de poder ouvir todas as bandas assim”. (Aimée Giannaccari Martins)

Só pra eu testar um negócio

“Às vezes eu brigava com minha mãe e deixava o chinelo virado meio de vingança tipo MORRE UM POUQUINHO MORRE… Dois segundos depois eu desvirava: JÁ TA BOM DE MORRER, PODE VOLTAR. O chinelo era o death note dos anos 90”. (Mariana Giannini)

Anos de cursinho pra nada

“Achava que para falar em inglês era somente mudar a pronúncia das letras, que as palavras eram iguais”. (Bruna Nóbrega)

Bruna Nóbrega e Fernando Bonfim

Me dá um dinheiro aí

“Quando eu pedia algo pros meus pais e eles diziam que não tinham dinheiro eu falava para dar um cheque. Achava que era só dar o cheque que estava pago. Que não precisava ter dinheiro mesmo”. (Mariana Silva da Costa)
“Quando meu pai falava que eu não tinha dinheiro eu falava ‘ué, passa naquela máquina que te dá dinheiro” (caixa eletrônico)” (Mariana Davidovich)

Marcela Calura e Mariana Costa Silva

Minha vida em preto e branco

“Um dia eu estava vendo as fotos de infância da minha mãe (em preto e branco) e pensei que a vida e o mundo eram em preto e branco quando minha mãe era criança. Aí eu perguntei quando começou existir cor na vida da minha mãe e como era a vida em preto e branco. Minha mãe riu e ri disso até hoje”. (Yasmin van Coolwijk)

Os nomes que as coisas têm

“Quando era criança eu lia pizzaria e tinha convicção que lá era um salão para as pessoas ficarem pisando com seus sapatos novos no chão”. (Aline Bertato)
“Minha mãe falava: toma um banho ‘tcheco’, que era um banho rápido. Eu achava que era um tipo de banho que se tomava na Tchecoslovaquia (ainda era isso). E na verdade era por causa do som da água lavando a ppk: tcheco, tcheco, tcheco (num banho rápido só lavava ela)”. (Marcela Calura)
“Eu achava que na família você só podia ter uma função… Meu pai só podia ser MEU pai, não dava pra ele ser irmão das minhas tias, filho dos meus avós e tal… Um dia minha tia me contou que meu pai era irmão dela e eu fiquei IMPOSSÍVEEEEEELLL ELE É -MEU- PAI, NÃO DÁ PRA SER -SEU- IRMÃO, SAI (e eu chorava copiosamente)”. (Mariana Giannini)

Graças a Deus

“Quando o padre termina a missa, ele diz algo como: vão em paz e que o Senhor os acompanhe. E as pessoas respondem em uníssono: Graças a Deus. Eu sempre achei um desaforo as pessoas fazerem isso, porque parecia que elas estavam dando graças a Deus que a missa tinha acabado. E pensava ainda que o padre devia ficar bem chateado”. (Tatiana Lazzarotto)

Santo que é santo não manda pelo Correio

“Quando alguém perdia alguma coisa, meu pai dizia: vamos pedir para a nonna (avó, mãe dele) para ela rezar para Santo Antonio achar. Na minha cabeça o Santo achava as coisas e batia na nossa casa para entregar em mãos”. (Tatiana Lazzarotto)

Se tinha peixe, poderia ser um japonês!

“Tinha um motel perto da minha casa que tinha um aquário gigante na parede, para a rua. Minha mãe me falava que era um restaurante japonês. Eu descobri aos 16 anos que aquilo era um motel quando meu namoradinho na época me levou lá”. (Ana Luisa)
“Minha vó me explicou que ‘hotel é quando você vai para ficar alguns dias, mas se você está viajando e precisa só descansar por algumas horas, aí pode ser no motel’. Foi uma vida para aprender a real diferença”. (Amanda Oliveira)

Ambiciosa

“Quando me perguntavam o que eu queria ser quando crescer, dizia que queria ser a mocinha que fica no pedágio porque eu achava que o dinheiro ficava para ela” (Marina Christol)

Marina Christol e Aimée Giannaccari Martins

No mundo da lua

“Achava que a lua me seguia”. (Mariana Munhoz)

E não é assim?

“Até pouco tempo atrás, achava que existia um coqueiro que dava coco verde e um coqueiro que dava o coco marrom. Acreditava mesmo que eram duas espécies diferentes” (Felipe Szulc)

Mc de outro mundo

“Meu pai detestava que eu comesse McDonalds e eu amava, daí ele inventou que era feito de carne de ET e de minhoca. Aí eu ficava olhando pro céu imaginando um et redondo flutuando (porque assim ficava em formato de hambúrguer, redondinho quando fatiava)”. (Jessica Silva)

Já…pão

“Eu achava que todo mundo que nascia no Japão tinha olhos puxados, independente dos pais” (Mariana Silva da Costa)
“O pai da minha prima (meu tio) é filho de japonês, logo são todos mestiços. Eles chamavam a vó de ‘batian’ (avó) e eu chamava também, porque pensava que era o nome dela: Dona Batian!” (Marcela Calura)

Pior que filme de terror

“Meu pai dizia que os trens tinham um ímã que puxava as pessoas quando passavam na estação. Eu e minha irmã íamos para a estação para ficar grudados de pavor num poste enquanto o trem passava, para não puxar eu e ela.” (Fernando Bonfim)
“Para me fazer dormir, minha avó dizia que o barulho de grilo era ele amolando suas serras para cortar a garganta de crianças que não dormem – sim, minha avó fez Pedagogia em Harvard. Na minha cabeça era gafanhoto, tenho pavor deles até hoje.” (Fernando Bonfim)

Tatiana Lazzarotto e Vanessa Kimura

Tinha que morrer sorrindo

“Achava que identificação pela arcada dentária era feita pelo sorriso da pessoa. Alguém que conhecia muito a pessoa ia onde estava o corpo, olhava os dentes da pessoa e dizia se o sorriso era dela, ou não”. (Larissa Barreto)

Uma enxurrada de beterraba todo mês

“Eu achava que menstruação era porque a pessoa tinha comido muita beterraba” (Mariana Giannini)

Bem prático

“Achava que quando a pessoa tinha seguro de vida ela morria mas podia voltar a viver”. (Letícia Zanetti)

Atenção: uns documentos

“Uma vez eu vi num filme uma menina passando batom na boca e beijando várias cartas e jogando na janela para o seu grande amor. Aí eu passei o batom vermelho da minha mãe tudo errado na boca, peguei uns documentos dela, beijei e joguei pela janela para imitar a mulher do filme” (Vanessa Kimura)

 

Se você quiser conferir outras histórias, descobri que tem um tumblr dedicado a isso: http://coisasqueeuachavaqdoeracrianca.tumblr.com/

E você, o que achava quando criança?

 

Foto de capa: montagem sobre original de Joseph Gonzalez em Unsplash

Foto arquivo dos colaboradores

2 thoughts on “Quando criança eu achava que…

  1. Gabriela Lazarotto says:

    Eu achava que o macaco do carro utilizado para ajudar a levantar o mesmo qnd é preciso trocar as rodas era um macaco de verdade pequenino e bem forte! Ai ficava pensando onde meu pai escndia ele que eu nunca via ?

    Também qnd escutava no final do desenho “traduções Herbert Richers”, ficava imaginando q homem eficiente ele devia ser por traduzir tds os desenhos que eu via, sempre quisa saber quem era…

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