Soltem eles, a infância é linda e precisa ser vivida. Devemos mesmo dar mais atenção e menos brinquedos, mais recursos e materiais para produção manual e menos produtos prontos, tiremos os olhos do celular e olhemos mais nos olhos deles, eles imploram, pegue agora mesmo a bola e chute no meio da sala, só uma vez para não quebrar nada e ouvir um grito da mamãe, esconda e nunca mais faça isso.
Se vamos falar de infância temos obrigação de lembrar que pés sujos de lama são lindos, mãos e dedos pintados de guache ou canetinha são marcas de felicidade, boca melecada de iogurte e cobertura de bolo de cenoura é fascinante, cabelos soltos ao vento são mais leves, peças de roupas simples com furinhos que representam os desagastes naturais pelas brincadeiras de pega-pega e esconde-esconde são lembranças confortáveis e maravilhosas, carrinhos de rolimã elaborados com tábuas e peças que iriam para o lixo são a melhor aventura que tivemos, e nossos joelhos ralados nos lembravam muito bem disso, sem contar que nossos brinquedos eram simples e bonecas descabeladas faziam o maior sucesso! É, aqui a saudade bateu forte.
A sociedade mudou e se moldou de acordo com as necessidades atuais, a globalização e tecnologia cumpriram seu papel para facilitar nossas vidas, e que no meio de tanta inovação proteger nossas crianças em um mundo que anda meio doentio e demasiadamente violento é necessário.
Isso não significa que devemos gourmetizar a infância, ou seja, criar nossas crianças dentro de nossas asas impedindo elas de até mesmo ralar seus joelhos nas brincadeiras com os amigos.
Criança precisa ser criança, andar descalço correndo e perder a tampa do dedão do pé, com a sorte de hoje em dia o merthiolate não arder! (Que pena, o ardido do merthiolate também era incrível).
Saia de casa e passeie pelos lindos parques abertos de São Paulo ou do seu lugar no mundo, saia na rua, observem coisas que não sabem os nomes, nomeie-os. Inclusive dê nome as cores que não sabemos o tom, deixem as crianças criar.
Deixem as crianças serem crianças, não privatize o direito de ser livre e feliz. Crianças autônomas precisam de espaço e descoberta, precisam correr e se soltarem sempre com supervisão, mas precisam fazer com as próprias mãos e não precisam que os pais façam tudo com as mãos deles.
Criança precisa ser criança, a infância precisa ser respeitada. Mais abraços e menos tablets, MAIS AMOR, POR FAVOR!
