Lendo Mulheres: Juliana Borges

Lendo Mulheres: Juliana Borges. Capa do livro de Juliana Borges - O que é encarceramento em massa

O que é encarceramento em massa ~ Juliana Borges

 

O livro “O que é encarceramento em massa” é o segundo livro da série Feminismos Plurais lançada recentemente pela Editora Letramento em parceria com o Justificando. A autora é formada em Letras pela USP, pesquisadora em Antropologia na FESP-SP (Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo), foi assessora da Secretaria de Governo Municipal e Secretária-Adjunta da Secretaria Municipal de Políticas para as Mulheres da Prefeitura de São Paulo, além de colunista de diversos sites.

A obra toma por referências diversos autores negros, sendo a maioria de mulheres. E não é pra menos, visto que a obra liga a questão do problema que é o encarceramento em massa no Brasil com o racismo institucionalizado e explica como esta questão se tornou pauta do Feminismo Negro.

Juliana explica que, na realidade, não existe uma crise no sistema penitenciário. Trata-se, de fato, de uma manobra muito bem engendrada para punir, excluindo da sociedade, determinadas pessoas indesejadas. Ela explica tal manobra através do histórico social e legal desde o tráfico de negros no Brasil colônia, passando pelo Império e pela República, mostrando que, de fato, pouca coisa se alterou com relação ao tratamento dado ao negro.

Assim, por exemplo, nos últimos anos as políticas sociais permitiram, na teoria, a ascensão social do negro, com política de cotas nas universidades. Porém, na prática, o sistema permanece se alterando para que nada mude na hierarquia social, sendo o homem branco o ápice desta estrutura e a mulher negra o sujeito mais explorado.

Nesse sentido, as políticas criminal e penitenciária desde os anos 1990 vem agravando a situação do negro, mormente com a edição da Lei de Drogas em 2006, a partir de quando, o encarceramento penal nacional atingiu níveis alarmantes, chegando hoje a ocupar o terceiro lugar na lista dois países que mais encarceram no mundo. É deste forma que a prisão hoje cumpre o papel que a escravidão cumpria no passado: a manutenção das hierarquia e supremacia branca.

Também a partir de 2006 em muito cresceu a população de mulheres encarceradas, sem a mínima proteção de sua dignidade e das particularidades das mulheres. E, como a seletividade penal volta seus olhos para a exclusão da população negra (evidência já comprovada em estudos diversos), esta questão é um debate na pauta do Feminismo, principalmente do Feminismo Negro e é por esta razão que recomendo a leitura do livro.
No mais, é um ótimo livro para quem quer começar a entender o tema, levantando diversas questões sobre o racismo institucionalizado em um país que se julga racialmente democrático.
Hoje, às 18h00 a Biblioteca do Instituto Brasileiro de Ciências Criminais promoverá um evento de divulgação da obra e bate-papo com a autora, com transmissão ao vivo. Segue o link para inscrições: https://www.facebook.com/events/193973198069852/

A série “Lendo mulheres” tem o intuito de promover a leitura e o conhecimento de obras escritas por mulheres, muitas vezes encobertas por um mundo científico e literário dominado por homens.

Para ler os primeiros posts da série, clique em: https://blog.dapimenta.com.br/lendo-mulheres-angelica-freitas/ e https://blog.dapimenta.com.br/lendo-mulheres-mel-duarte/

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