O verdadeiro dom, a mais sublime das religiões.
Escuta
Se você tem milhões de títulos na estante, ou na parede. Que tenha feito todas as posições do yoga ou colecionado medalhas. Se foi a Austrália duas vezes, se sabe rimar. Que tenha ido a igreja toda semana ou recitado seus mantras.
Para mim pouco importa.
Se teu ouvido não escuta.
Escutar é o verdadeiro dom, a mais sublime das religiões. O canto de amor mais bonito publicado, o super trunfo de qualquer roda. Escutar advém de silenciar a própria mente, para deixar a do outro entrar. A cabeça às vezes meneia se discorda, mas ouve. Escuta o outro, isso é mais importante.
Tem mais a ver com capacidade do coração que auditiva.
Capacidade curativa.
Alguém que ouve mais a própria voz não entende nada de empatia. Nem de palavras bonitas, ou de melodias. Sucesso mesmo é apreciar o outro, em sua beleza, quando ele fala. Especialmente do que o aflige, do que o apavora a cabeça, do que o tira o chão, mas não só.
Uma vez me disseram:
Atenta, que você vai escutar o som do centro da terra.
Eu parei, sedenta. Sabia que não conseguiria entrar com meus ouvidos rasos em coisa tão forte.
Queria que todo mundo soubesse escutar desse jeito o outro, como se escuta o centro da terra. Sem matutar resposta. Réplica, tréplica. Tá, tá, tá, tá, tá. Para que metralhadora quando só precisa envolver-se? Flutuar nas ondas da declaração do outro, com o que ele vibra. Não existe boa vibração melhor para se mandar que essa. A da escuta. Good vibes.
A gente dá a mão quando ouve. Dá tapinha nas costas, sacoleja. Tudo de ouvido. É assim que se é gentil. A prosperidade só acontece por meio da gentileza. E a gente prospera quando se doa ao outro. Porque não tem como calçar os calçados ou entender o sentimento sem nem saber o que o outro está falando.
Se nem ouvir com o que o seu coração chora. Com o que seu coração vibra.
Desejo-te não só um coração amoroso, mas ouvidos gentis.
Escuta, não dói.
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