Bentanás – nosso gato endiabrado

O maior amor do mundo

Bentanás

Quando adotamos o filhotinho de gato preto que achamos na rua no último dia do ano, o nome adotado foi Bento. Como alguns dias antes tínhamos achado um outro gatinho preto que logo ganhou no nome de Benedito, em homenagem ao Santo, achamos que Bento seria uma boa opção, mais porque combinava com o outro nome e porque desconfiamos que ambos fossem irmãos.

Conforme já contei nesse espaço, tentamos doa-lo de todas as formas, mas, diante da ausência de interessados, ele acabou indo morar em casa mesmo, aumentando para 4 o número de felinos residentes. Nem de longe era o idealizado, mas foi o que acabou acontecendo.

De início, como era bem filhote, o gatinho comportou-se de acordo com o nome de Batismo. Dócil, alegre, mansinho. Descobrimos que ele é praticamente surdo, ouvindo o mínimo possível. Talvez o silêncio no qual ele viva contribua para ele se comunicar de forma diversa, já que praticamente não mia. E assim a rotina da casa prosseguia sem maiores alterações.

Com certa de duas semanas de chegado a nossa casa, ele mostrou um apetite extremamente voraz. Difícil até mesmo de acreditar que ele fosse capaz, sendo tão magrinho e pequeno, de comer aquela incrível quantidade de comida. Todas as semanas tínhamos que correr para repor o estoque de sachês e de ração. Era quase como se tivéssemos colocado mais três gatos em casa e todos famintos.

O resultado de tanta fome, para além de caixas de areia que precisavam ser limpas várias vezes ao dia, foi que a criaturinha, em pouquíssimo tempo praticamente dobrou de tamanho e, para nosso pânico, adquiriu uma agilidade e uma energia até então não constatada por nós no comportamento das outras três gatas.

Comentando sobre isso com uma amiga que tem gatos ouvi dela a simples, lógica e assustadora explicação para o “fenômeno”: _ ah, é porque é macho!

Na hora eu falei: _ Mas como assim? Tanta gente tem gatos machos que são tranquilos… Logo esse meu, que se chama Bento?

Segundo pesquisei, no que espero estar certa, esse comportamento é mais predominante nos machos adolescentes. Ele já está castrado e atualmente com seis meses. Embora seja manso, é como se diz por aí, “atentado”. Corre como um louco, se joga dos lugares mais improváveis, derruba coisas que estão sobre a mesa ou mesmo sobre a geladeira, corre atrás das gatas e até do cachorro, cujo rabo ele elegeu como brinquedo. Não bastasse isso, desenterra vasos, morde plantas e se enfia na minha bolsa para de lá sair em desabalada carreira com meus fones de ouvido ou elásticos de cabelo.

De toda forma, é, no fim das contas, uma fonte de risadas, já que cada dia promete uma nova aventura. Quando se cansa, permite ser pego e acariciado até dormir, quase sempre encostado a nós. Não me arrependo nem por um segundo de tê-lo salvo do abandono das ruas, mas, se fosse hoje, soubesse eu do que sei, teria lhe dado outro nome…

Cinthya Nunes – cinthyanvs@gmail.com

Advogada, escritora e professora universitária

 

 

 

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